Embora viva hoje especialmente de literatura, o escritor português Miguel Sousa Tavares tem, por sua trajetória no jornalismo e pela prática como comentarista do jornal Expresso, um forte vínculo com o real que o noticiário expõe. E esse real, não poucas vezes absurdo, parece ter sido o material primário de Último Olhar, escrito entre 29 de março de 2020 e 29 de maio de 2021.
O livro começa e termina com a descrição de imagens que sintetizam uma das faces mais cruéis da pandemia de Covid-19: o lugar social que, durante a emergência sanitária, foi reservado aos velhos. Na primeira página, Tavares descreve o micro-ônibus que transportava, por uma Andaluzia “agonizante de pavor”, 28 velhos infectados pelo Coronavírus.
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