Cultura

Site reúne rico material sobre circo, duramente atingido pela pandemia

Página na internet informativa mostra circos itinerantes, profissionais circenses, vídeos, fotos e áudios sobre a vida dessa arte na Bahia

Circo Real Xangay, em Lamarão (BA). Foto: Gabriel Teixeira
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A situação do circo itinerante já era considerada difícil antes da pandemia. Os motivos vão desde a falta de espaço para montar estruturas e instalações – incluindo água e luz – até as dificuldades de conseguir autorizações de funcionamento e de montar elenco por conta da descontinuada transmissão de conhecimento.

“Os circos itinerantes lidam com a falta de apoio do poder público. Os editais têm uma linguagem e uma burocracia que excluem a participação da maioria, solicitando documentos como comprovante de residência para uma estrutura que é nômade”, conta Lívia Mattos, acordeonista com participação em projetos de artistas do primeiro time da MPB, e também circense, cantautora e socióloga.

Pesquisadora sobre a música no circo, ela relata que a pandemia pegou em cheio a atividade. “Muitos circos não resistiram a este momento. Imagine que o circo itinerante tem como produto mantenedor o espetáculo, que depende da presença do público no espaço de casa-trabalho que é a lona”, diz.

“A permanência era, em geral, de uma a duas semanas numa localidade. E de repente tiveram que ficar parados por mais de um ano, sem poder mudar e sem poder se apresentar. A maioria viveu de doação da comunidade ao redor, mas chegou um momento em que a própria comunidade não estava conseguindo se sustentar pra poder ajudar”.

Lívia abriu uma campanha para dar apoio a diversos circos itinerantes, que se chama Viva Circo Brasileiro. Nos contatos que teve com diversos deles, “acompanhou situações bem trágicas”. Ela não sabe ainda precisar quantos circos se foram na pandemia, mas o estrago foi grande.

Espaço virtual

Com o objetivo de preservar a arte circense, Lívia Mattos idealizou e produziu o site www.respeitavelpublico.art. Viabilizado por meio da Lei Aldir Blanc, o projeto virtual é bastante rico e centra-se na atividade do circo na Bahia, seu estado natal.

A página virtual conta com apresentação de 20 circos itinerantes baianos, com história, ficha técnica e fotos. Em outra seção, vários relatos de profissionais circenses.

Uma aba é dedicada ao Circo Real Xangai. Lívia Mattos teve a oportunidade de acompanhá-lo quando se preparava para sua reestreia, depois de 11 meses parado por conta da pandemia.

Nessa experiência, ela registrou a mudança do circo da cidade de Serrinha para a vizinha Lamarão, no interior da Bahia, a chegada à nova localidade, a montagem da lona e dos equipamentos e a reabertura.

“Depois de uma semana da estreia, o circo teve novamente as suas atividades suspensas devido ao toque de recolher decorrente da pandemia. Então, a escolha desse circo foi pela oportunidade de acompanhar esse momento, como um estudo de caso de um circo itinerante de pequeno e médio porte”.

A socióloga relata que o Circo Real Xangay foi formado por circenses que não nasceram em circo, mas escolheram essa opção de vida.

“Isso significa falar de uma história pouco tratada do circo brasileiro, que é muito constituído por esses ‘aventureiros’ que se tornaram circenses tradicionais, formando gerações nascidas em circo, que dão continuidade a essa história”.

Nessa seção, tem-se experiência online do circo, com vídeo sobre a montagem de sua estrutura e áudios com depoimentos de circenses.

O site conta ainda com uma biblioteca virtual, com indicativo de obras, sites e trabalhos acadêmicos produzidos na Bahia sobre a arte. E, ainda, uma seção da campanha Viva o Circo Brasileiro de apoio a diversos circos itinerantes. Os vídeos de cada circo participante da campanha estão disponíveis no site do projeto e no Instagram @apoiodiretoaoscircos.

“Qualquer valor de apoio é significativo para esses circos na conjuntura atual. Quem quiser e puder, pode escolher um circo para apoiar ou distribuir o valor pelos diversos circos”, finaliza Lívia.

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