Siba é da geração de talentosos músicos pernambucanos dos anos 1990, que culminou com o movimento Manguebeat. O músico é um dos fundadores do Mestre Ambrósio, banda referência daquele período.
No início dos anos 2000, ele se mudou para Nazaré da Mata, em Pernambuco, capital do maracatu rural, também chamado de maracatu de baque solto. Lá teve ainda mais contato com mestres e músicos populares e até hoje mantém relações estreitas com o pessoal ligado à manifestação cultural.
“Nada que fiz como artista não seria pensado sem esse meu encontro com esse lugar e essas pessoas. Essa relação é diária e constante”, diz.
O músico observou na pandemia que a nova geração de mestres do maracatu se apropriou do meio digital, realizando lives, representando uma mudança grande em relação à geração dos mais velhos: “Já sacaram que a lógica do disco (físico) está ultrapassada para eles. Vale a pena fazer mais as lives e compartilhar conteúdo pela internet, pelo WhatsApp, no canal do Youtube”.
Siba diz estar preocupado com as dúvidas em relação ao carnaval de rua, que tem o apoio decisivo dos governos municipais e estaduais. “Estamos vendo uma perspectiva perversa do carnaval de Pernambuco que é o setor privado se beneficiar enormemente se o carnaval popular (promovido pelo poder público) não acontecer. Existe a perspectiva de acontecer um carnaval privado, que vai gerar lucro significativo para uma parcela já privilegiada”.
Isso, segundo o músico, afetaria sobremaneira grupos que sobrevivem em função do carnaval popular.
O último disco solo lançado por Siba foi Coruja Muda (2019), ainda bastante atual no seu conteúdo por conversar com o caótico momento político atual de maneira sutil e reflexiva.
“Qualquer questão que a gente discute no campo da cultura esbarra num governo como esse e torna a luta mais abrangente”, diz.
Assista à íntegra a entrevista:
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