Cultura

Shows com público já ocorrem, mas volta ao normal só com fim do risco

Com a pandemia, apresentação musical poderá ser a última atividade a retornar à normalidade

Fonte: Freepic
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Epidemiologistas são unânimes em afirmar que locais de grande concentração de pessoas são os que mais apresentam risco de transmissão do novo coronavírus. 

Uma pesquisa recente do News York Times perguntou a 511 especialistas de doenças infecciosas nos Estados Unidos e Canadá quando a vida voltaria ao normal para várias atividades, desde frequentar um barbeiro até ir a um casamento ou funeral.

O levantamento ordenou as ações com mais chances de retornarem ao normal até as de menor possibilidade. O último lugar coube a eventos esportivos e espetáculos, com alta concentração de pessoas num mesmo espaço: apenas 3% acreditam que eles têm chances de voltar neste meio de ano; 32% num período entre 3 a 12 meses e 64% apostam que somente daqui a mais de um ano.

Assim, a expectativa é de que em algum momento de 2021 os shows com público, no formato conhecido antes da pandemia, voltem à normalidade. 

Organizadores de grandes festivais conhecidos nos Estados Unidos e Europa, onde vários shows são realizados por seguidas horas e dias, no entanto, acreditam que o “normal”, com total garantia ao público, só virá mesmo em 2022. O fato do frequentador desse tipo de encontro ficar muito exposto a agentes infecciosos, poderá levá-lo facilmente a evitá-lo num primeiro momento, mesmo estando ele imunizado.

O fato é que a indústria cultural segue altamente dependente de uma vacina. Testes ultra rápidos e eficientes talvez pudessem evitar acesso de pessoas a locais de espetáculo, mas isso também precisa ser inventado.

E os assintomáticos?

Ficam então algumas experiências que já estão sendo feitas para tentar retomar shows – não estamos aqui falando de transmissões ao vivo a partir de casas noturnas e teatros nem tampouco lives em ambientes fechados.

Seletas casas de espetáculo na Europa e Estados Unidos estão fazendo shows com público reduzido em 20% por conta das restrições sanitárias. Há uma questão, porém: muitos lugares precisam ter ocupação acima de 80% para dar lucro. Como fazer a equação no novo formato?

No local, é obrigatório o uso de máscaras, temperatura medida no acesso (e os assintomáticos?), estações para higienização das mãos e assentos bloqueados entre pessoas da audiência para manter o distanciamento. Há ainda restrição de uso do banheiro, para evitar ajuntamento.

Aplicativos estão sendo usados para pedidos à mesa de bebidas e comida, com garçons com luvas e máscaras de face, além de painéis divisórios entre mesas e nos balcões.

Alguns eventos musicais são possíveis de se realizar esforços pelo distanciamento. Mas uma coisa e criar regras nesse sentido, outra é fazer com que elas sejam cumpridas. 

Em pequenos locais na Europa onde música ao vivo retornaram, como pubs na Inglaterra, verificou-se mudança de comportamento do público depois de algumas músicas e copos de cerveja, com a inevitável aproximação dos presentes.

Há shows em formato drive-in (inclusive no Brasil), onde o público assiste dentro de seus carros a apresentação, mas uma coisa é ver um filme enfurnado em um veículo, outra é participar de um acontecimento fechado entre duas ou quatro portas onde a interação músico-plateia costuma ser o elemento principal e não a buzina e o farol.  

Espetáculos com multidões parecem descartados no momento: é quase inevitável não acontecer uma aglomeração em algum momento. E eventos em locais fechados preocupam mais do que locais abertos por razões óbvias. 

Poucos espectadores podem não justificar a abertura de um espaço com severas regras de distanciamento. Ou os locais e shows se transformariam em espaços VIPs de acontecimentos musicais, acessíveis apenas a um limitado público endinheirado. 

Mas já se espera que a volta da normalidade, por outro lado, com a entrada segura e sem restrição de público, tenha queda de preço de ingressos por conta da diminuição de cachês de artistas, e também de custos de mão de obra e locações, com a necessidade de todos fazerem girar de novo a roda da economia da indústria da música.

Acredita-se que uma pequena parte de tipos de eventos musicais vá para internet, assim como tudo aquilo que pode ser feito por streaming está indo em outros segmentos. 

Há, porém, uma constatação: a internet democratizou a música de forma fantástica, mas não substituiu um milímetro o show com público.

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