Série sobre Toninho Nascimento é chance de conhecer um grande letrista

Websérie mostra o processo de criação do compositor e também histórias vivenciadas na música

Foto: Felipe Molina/Divulgação

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Em um País onde o compositor é pouco lembrado, a websérie Conto de Areia – sobre a Arte de Toninho Nascimento torna-se uma oportunidade de conhecer mais a fundo um desses importantes personagens da música brasileira.

Disponível recentemente no perfil do Coletivo Sindicato do Samba no Youtube, o projeto contemplado pela Lei Aldir Blanc narra em oito episódios a história musical de Toninho Nascimento. A direção e idealização do projeto é de Camilo Árabe, que também conduz as entrevistas durante a série, e Fernando Mattoso.

 

 

Toninho Nascimento, 74 anos, é daquelas figuras essenciais da composição musical brasileira, que os holofotes passam longe, mas que deveria ser ao contrário. A websérie é simplória, feita nestes tempos de pandemia em que imagens de arquivo se misturam com gravação a distância e também virtual. Mas é representativa e necessária.


Com depoimentos de diversas pessoas sobre o ofício do personagem tratado, a série mostra como a inteligência e a sensibilidade de Toninho Nascimento casam bem com a intuição musical de seus parceiros.

O compositor nascido no Pará e radicado no Rio de Janeiro desde moço compôs Conto de Areia (com Romildo), clássico na voz de Clara Nunes. As letras de insofismável beleza têm a levada da origem de Romildo, que é da capital da ciranda, Ilha de Itamaracá. Clara também tornou um clássico A Deusa dos Orixás, composição de ambos.

Flor Misteriosa, outra da dupla Romildo e Toninho, foi gravada por Elizeth Cardoso. O capítulo que conta a parceria com Roberto Ribeiro é divertido, já que ambos passavam boas horas sentados a mesa de bar. Dali saiu Bate Coração. Depois, com o Noca da Portela, com Ilumina (que conta também com Tranka assinando a música), gravado por Maria Bethânia, e Peregrino, por Paulinho da Viola.

O compositor se envolveu em duas fases com samba-enredo na Portela. A primeira nos anos 1970 e início de 1980, sem grandes resultados. Depois, a partir de 2008, dessa vez com êxito. Venceu três sambas-enredo na escola de Oswaldo Cruz (2012, 2013 e 2014) e ainda um na São Clemente (2017). Especificamente o de 2012, com o refrão “Madureira sobe o Pelô, tem capoeira”, é um dos grandes dos últimos tempos já feitos, numa parceria de Toninho com Luiz Carlos Máximo, Wanderley Monteiro e Naldo.

A websérie segue com a conversa sobre outros parceiros de Toninho Nascimento, como Toninho Geraes, na música Aquarela da Amazônia, gravada brilhantemente por Mariene de Castro. O compositor recorda suas origens paraenses na letra. Ainda nesse capítulo, mais parceiros de composição aparecem, como o violonista Evandro Lima e Chico Alves, sempre com histórias das andanças com o personagem principal.

No último capítulo, mostra-se a relevância musical do homenageado na série. A cantora Fabiana Cozza ressalta a dupla Toninho Nascimento e Romildo, que representa a brasilidade em letra e melodia. Destaca-se ainda na websérie os posicionamentos do protagonista sobre alguns temas polêmicos na música.

São cerca de 300 composições de Toninho Nascimento registradas por vários intérpretes. Toninho nunca gravou um álbum solo. Esteve a serviço do cantor e da expressão do sentimento brasileiro.

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