Cultura

Sem a ambição do contato

A peça “Recusa”, em cartaz em São Paulo, tem como ponto de partida a história de indivíduos piripkura, os últimos de sua etnia, que se recusavam a ter contato com os brancos

Vivência e arte. Antonio Salvador e Eduardo Okamoto, quatro anos de estudos, viagens e pesquisas para compor os personagens
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O lado esquerdo que faz da Praça Roosevelt referência para o teatro paulistano, com várias companhias vizinhas de porta, abre seu mais novo espaço cênico, no mezanino do prédio da SP Escola de Teatro, estadual. Uma proposta inovadora seria o mínimo a esperar, e ela chega com a Cia. Balagan e a peça Recusa, dramaturgia de Luís Alberto de Abreu. Diretora do grupo, Maria Thaís imprimiu ao projeto os contornos de seu aprendizado direto com dois herdeiros de Constantin Stanislavski (1863-1938): os também russos Iuri Alschitz e Anatol Vassiliev.

No espírito desse sistema de interpretação, que amalgama às técnicas de palco a própria vivência dos atores, Eduardo Okamoto e Antonio Salvador passaram quatro anos a estudar, com a diretora, as culturas indígenas brasileiras, em viagens e pesquisas às quais contribuíram, entre outros, a compositora Marlui Miranda. O ponto de partida foi uma notícia de jornal de 2008, sobre dois indivíduos piripkura, os últimos de sua etnia, doentes e em recusa sistemática de contato com os brancos. “Recusa” também é palavra do vocabulário libertário do filósofo La Boétie, da poeta Marina Tsvetaieva, do teatrólogo Meyerhold – o mais radical discípulo de Stanislavski – e do antropólogo Pierre Clastres, todos esses referências alinhavadas na peça.

Pleno da espantosa entrega de seus atores, o espetáculo de narrativa não linear se ampara em econômicos recursos cenográficos desenhados por Márcio Medina, também fundador do grupo. Às lendas sul-americanas de criação do mundo a Balagan oferece ainda, até dezembro, o contraponto de Prometheus (2011), com fundo mitológico grego.

Recusa


Cia. Teatro Balagan


Até 16 de dezembro


SP Escola de Teatro

O lado esquerdo que faz da Praça Roosevelt referência para o teatro paulistano, com várias companhias vizinhas de porta, abre seu mais novo espaço cênico, no mezanino do prédio da SP Escola de Teatro, estadual. Uma proposta inovadora seria o mínimo a esperar, e ela chega com a Cia. Balagan e a peça Recusa, dramaturgia de Luís Alberto de Abreu. Diretora do grupo, Maria Thaís imprimiu ao projeto os contornos de seu aprendizado direto com dois herdeiros de Constantin Stanislavski (1863-1938): os também russos Iuri Alschitz e Anatol Vassiliev.

No espírito desse sistema de interpretação, que amalgama às técnicas de palco a própria vivência dos atores, Eduardo Okamoto e Antonio Salvador passaram quatro anos a estudar, com a diretora, as culturas indígenas brasileiras, em viagens e pesquisas às quais contribuíram, entre outros, a compositora Marlui Miranda. O ponto de partida foi uma notícia de jornal de 2008, sobre dois indivíduos piripkura, os últimos de sua etnia, doentes e em recusa sistemática de contato com os brancos. “Recusa” também é palavra do vocabulário libertário do filósofo La Boétie, da poeta Marina Tsvetaieva, do teatrólogo Meyerhold – o mais radical discípulo de Stanislavski – e do antropólogo Pierre Clastres, todos esses referências alinhavadas na peça.

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