Cultura

Romance em ritmo de sonho

João Gilberto Noll mimetiza o mundo onírico de seu personagem

Romance em ritmo de sonho
Romance em ritmo de sonho
João Gilberto Noll mimetiza o mundo onírico de seu personagem
Apoie Siga-nos no

por Ana Lúcia Trevisan

Ler o sonho de outra pessoa parece ser algo impossível. Mas o ritmo que marca o romance Solidão Continental, de João Gilberto Noll, é bem–sucedido ao mimetizar a fluidez do mundo onírico, tanto em sua compreensível falta de lógica como em sua extremada sinestesia.

O enredo apresenta a trajetória de um professor de português para estrangeiros. Personagem não nomeado, ele percorre diferentes lugares e descreve seus encontros amorosos e impressões sobre a vida, povoada pelos dilemas de um homem na meia- -idade. Os amores vividos no passado, os encontros sexuais furtivos do presente ora se aproximam do devaneio, ora desvelam um erotismo latente e, acima de tudo, estão marcados pela incompletude. Em seus relatos alternam-se a linearidade narrativa e a dispersão das relações de causa e consequência, que garantem a coerência dos discursos. Os capítulos do romance são marcados pelas rupturas. A memória do personagem procura, ao mesmo tempo, a lembrança e o esquecimento, reconstruindo o passado em cada novo desejo.

A solidão perpassa as diferentes situações relatadas. Não se trata, aqui, somente da condição de ausência de companhia, mas de um sentimento genuinamente humano, irremediável, a acompanhar o peso de existir.

por Ana Lúcia Trevisan

Ler o sonho de outra pessoa parece ser algo impossível. Mas o ritmo que marca o romance Solidão Continental, de João Gilberto Noll, é bem–sucedido ao mimetizar a fluidez do mundo onírico, tanto em sua compreensível falta de lógica como em sua extremada sinestesia.

O enredo apresenta a trajetória de um professor de português para estrangeiros. Personagem não nomeado, ele percorre diferentes lugares e descreve seus encontros amorosos e impressões sobre a vida, povoada pelos dilemas de um homem na meia- -idade. Os amores vividos no passado, os encontros sexuais furtivos do presente ora se aproximam do devaneio, ora desvelam um erotismo latente e, acima de tudo, estão marcados pela incompletude. Em seus relatos alternam-se a linearidade narrativa e a dispersão das relações de causa e consequência, que garantem a coerência dos discursos. Os capítulos do romance são marcados pelas rupturas. A memória do personagem procura, ao mesmo tempo, a lembrança e o esquecimento, reconstruindo o passado em cada novo desejo.

A solidão perpassa as diferentes situações relatadas. Não se trata, aqui, somente da condição de ausência de companhia, mas de um sentimento genuinamente humano, irremediável, a acompanhar o peso de existir.

ENTENDA MAIS SOBRE: ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.

O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.

Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.

Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo