Cultura

Morre Robert Redford, padrinho do cinema independente

Ator, cineasta e ativista morreu aos 89 anos em sua residência. Astro cuja carreira se estendeu por seis décadas e diretor de sucesso, Redford também foi um grande promotor da cultura cinematográfica independente

Morre Robert Redford, padrinho do cinema independente
Morre Robert Redford, padrinho do cinema independente
Robert Redford morreu aos 89 anos – Foto: Nancy Ostertag/GETTY IMAGES NORTH AMERICA/AFP
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O ator e cineasta vencedor do Oscar, ativista ambiental e padrinho do cinema independente Robert Redford morreu nesta terça-feira 16 em sua residência em Sundance, no estado americano de Utah, “cercado por aqueles que ele amava”, informou sua assessoria de imprensa. A causa da morte não foi divulgada.

Depois de alcançar o estrelato na década de 1960, em uma época de profundas mudanças no cinema dos EUA, Redford ganhou o status de ícone nos anos 1970, atuando em filmes como O Candidato e Todos os Homens do Presidente. Em 1980, já como cineasta, venceu o Oscar de melhor diretor e melhor filme por Gente Como a Gente.

Redford acumulou nomeações ao Oscar

Redford deixou uma marca no cinema também por seu ativismo político, sua disposição para aceitar papéis pouco glamourosos ou sua dedicação em oferecer uma plataforma para filmes de baixo orçamento.

Seus papéis variaram do jornalista Bob Woodward, do Washington Post, a um homem das montanhas em Mais Forte que a Vingança, contracenando ao longo dos anos com Jane Fonda, Meryl Streep e Tom Cruise. Mas seu parceiro de tela mais famoso foi seu amigo, o também ativista Paul Newman (1925-2008).

Paul Newman (à esquerda na foto) e Robert Redford no evento de celebração do 25º aniversário do Instituto Sundance, em 2006 – Foto: Evan Agostini/GETTY IMAGES NORTH AMERICA/AFP

Ao lado de Newman, Redford ficou conhecido pelo papel do personagem Sundance Kid no filme de faroeste Butch Cassidy, de 1969, que consagrou sua projeção internacional. O sucesso de bilheteria do longa deu origem ao nome do instituto de Redford, “Sundance”, que nomeia também o Festival Sundance de Cinema, ambos dedicados à promoção de filmes independentes.

Ele também trabalhou com Newman no longa vencedor da estatueta de melhor filme no Oscar de 1973, Golpe de Mestre, que rendeu a Redford uma indicação de melhor ator.

Carreira de seis décadas

Os papéis cinematográficos após os anos 1970 se tornaram mais esporádicos, à medida que Redford se concentrou em dirigir e produzir, além de assumir seu novo posto de padrinho do movimento de cinema independente nas décadas de 1980 e 1990, por meio do Instituto Sundance.

“Eu simplesmente penso que tive uma carreira longa da qual estou muito satisfeito. Foi tão longa, desde que eu tinha 21 anos”, disse Redford à agência de notícias AP pouco antes da estreia de Um Ladrão Com Estilo, em 2018, o que chamou de seu filme de despedida, consagrando seis décadas de dedicação ao cinema. Anos antes, em 2002, o cineasta já havia recebido o “Oscar honorário”, concedido pela Academia de Cinema, pelo conjunto de sua obra.

Nasce o Sundance

Redford observou Hollywood se tornando mais cautelosa e centralizada durante os anos 1970 e queria resgatar o espírito criativo do início da década. O Instituto Sundance foi criado em 1981 para nutrir novos talentos longe das pressões de Hollywood, oferecendo um espaço de fomento e treinamento. Seu festival homônimo acontece anualmente em Park City, Utah, e foi responsável por revelar cineastas antes desconhecidos, como Quentin Tarantino, Steven Soderbergh, Paul Thomas Anderson e Darren Aronofsky. O brasileiro Central do Brasil, de Walter Salles, teve seu roteiro premiado pelo instituto de Redford.

“Para mim, a palavra que deve ser destacada é ‘independência'”, disse Redford à AP em 2018. “Sempre acreditei nessa palavra. Foi isso que me levou a, eventualmente, querer criar uma categoria que apoiasse artistas independentes que não tinham chance de ser ouvidos”, continuou.

“A indústria era amplamente controlada pelo mainstream, do qual eu fazia parte. Mas eu via outras histórias que não estavam tendo oportunidade de serem contadas e pensei: Talvez eu possa dedicar minhas energias para dar a essas pessoas uma chance.’ Quando olho para trás, me sinto muito bem com isso.”

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