Cultura

Ricardo Valverde une vibrafone e atabaques

O músico estuda o instrumento integrado às raízes brasileiras

Valverde e o vibrafone (Foto: Divulgação)
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O vibrafone é pouco conhecido no Brasil. Ricardo Valverde é um dos instrumentistas por aqui que pesquisa as possibilidades do instrumento na música brasileira.

No novo CD, Xirê de vibrafone, Ricardo Valverde mostra, com competência e sutileza, a união de melodias produzidas por este equipamento de teclas metálicas, executado com baquetas, e o som dos atabaques.

Esse é o terceiro disco em cinco anos lançado pelo músico tendo o vibrafone como principal elemento musical. Todas as composições deste novo trabalho são de Valverde.

No disco, os ogãs Samba Sam, Tata Mukambyla e Leandro Perez fazem a comunhão dos atabaques, instrumento de percussão afro-brasileiro, com o também percussivo vibrafone, de origem mais recente e muito ligado ao jazz, comandado por Valverde.

“O vibrafone aparece em um disco do Jacob do Bandolim, em 1958, e foi muito presente na época da Bossa Nova”, diz o autor do novo CD.

Confira uma performance de Valverde:
https://youtu.be/h7JPG5plaAs

O músico conta que o primeiro desafio do instrumento começa pelo seu tamanho, dificultando seu transporte. Valverde chega a levá-lo para shows em cinco cases.

“Outra dificuldade é que como ele não é tão conhecido, os vibrafonistas brasileiros acabam tendo que virar pesquisadores e divulgadores do instrumento”, comenta.

Para dar base ao registro fonográfico de 13 faixas, outros instrumentos compõem as gravações: piano (Silvia Góes) e baixo acústico (Marcos Paiva).

O CD tem as participações especiais de Arismar do Espírito Santo (guitarra), Léa Freire (flauta), Sergio Coelho (trombone), Jorge Ceruto (trompete), Joquinha Almeida (acordeom), Thiago Espírito Santo (baixo e guitarra), Wanessa Dourado (violino) e o grupo da Casa de Candomblé Angola Kyloatala (coro e palmas na faixa Xangô). A produção musical é do maestro Felipe Senna.

Povo na cabeça

Ainda no campo dos registros fonográficos lançados recentemente, destaque para o terceiro CD do Pagode da 27, um dos sambas de comunidade mais antigos de São Paulo, com 13 anos de existência.

As 13 músicas de compositores da nova geração vão em todas as vertentes do gênero, desde o samba de breque, passando pelo dolente e o partido alto, até o samba de roda. Trata-se de um trabalho com samba na veia.

Ricardo Rabelo, que comanda a roda todos os domingos numa estreita rua do Grajaú, populoso bairro no extremo da Zona Sul da capital paulista, ressalta que Ivan Paulo, conhecido como maestro do samba, produziu dez faixas do disco antes de falecer no ano passado vítima de câncer.

Confira o Pagode da 27:
https://youtu.be/LmUnc6o8n-M

A grande participação nesse disco intitulado “É o povo na cabeça” é do cantor e compositor criado no Grajaú, Criolo – quando dá, ele aparece na roda de samba domingueira. “Ele é nosso mano”, ressalta Rabelo.

A capa do disco é de Elifas Andreato e o CD tem a participação ainda de Osvaldinho da Cuíca, Zé Maria (Peruche), Keila Regina, Delei Martins e Robson Capela.

Tríade CPF

Já a Tríade CPF, grupo composto pelos sambistas Caio Prado, Jônatas Petróleo e William Fialho, apresenta novo clipe com o samba Pra Quem Teve Paciência (de Caio Prado).

A gravação da música aconteceu em março último e foi realizada no mesmo local onde ocorre o tradicional Samba da Vela, na Casa de Cultura de Santo Amaro (SP), com a presença de Osvaldinho da Cuíca, Os Prettos (Magnú e Maurílio), Chapinha, Vó Suzana, Leandro Matos, Toinho Melodia, entre outros.

No evento de gravação, estavam representantes de várias comunidades e projetos de samba, incluindo Pagode na Disciplina, Resenha dos Sujos, Tempo do Onça, Samba dá Cultura, Quilombo Cultural Ybira Samba, Sarau Samba Original e Quem Samba Fica.

A Tríade CPF apresentou no ano passado seu primeiro clipe, com Revendo Conceitos, uma exaltação aos grandes sambistas.

Natália Pavan

Por fim, a jovem cantora Natália Pavan lançou EP com cinco faixas. O disco explora as relações entre encontros e desencontros, tendo o samba como veículo musical.

O repertório trata de questionamentos sobre o fim dos amores (na composição Almanaque) e remete ao universo da boemia (Bom Dia Tristeza). Traz canções também que falam das desarmonias (Se a Fila Andar e Não Foi Dessa Vez).

Acompanham a cantora no EP Rodrigo Campello (violão, baixo e teclado. Ele também produziu o trabalho), Luis Barcellos (bandolim e cavaco), Everson Moraes e Aquiles Moraes (sopros) e Paulino Dias (percussão).

“O samba é transformador. Reúne etnias, credos e classes. O samba tem beleza, mesmo quando se canta triste. Ele traz a verdade”, diz Pavan.

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