Cultura
Revelação, Aiace lança primeira música de novo trabalho solo
Cantora baiana, uma das boas vozes do momento, prepara segundo álbum da carreira


Voz afinada, no tom certo e agradável. A cantora baiana Aiace, prestes a completar 32 anos, é uma das boas revelações musicais para se ouvir em meio a esse momento difícil de pandemia.
Ela acaba de lançar um single chamado Amarelocura, primeira música apresentada de seu segundo álbum solo, que terá dez faixas e deve ser disponibilizado completo em novembro.
O seu primeiro trabalho solo foi lançado em 2017, com as participações especiais de Luiz Melodia e Lazzo Matumbi, que é seu padrinho de batismo. Com o nome de Dentro Ali, segundo Aiace, “é uma referência à sua história”. A primeira música (uma vinheta, na verdade, antecedendo a faixa-título composta por Luedji Luna) é dela com seu pai, Gileno Felix, que é compositor e já foi gravado por artistas como Margareth Menezes.
Formada em canto popular pela Universidade Federal da Bahia, Aiace criou há cerca de 10 anos, com Anderson Cunha (viola) e Diogo Flórez (percussão), o Sertanília. Com o grupo, lançou dois elogiados álbuns. Segundo ela, esse trabalho ressalta o sertão profundo.
“Mas senti a necessidade de fazer um trabalho solo com minhas influências afro-baianas misturadas com jazz, MPB e outros estilos”, conta.
O álbum de 2017 tem releituras, como Contrato de Separação (Dominguinhos e Tia Nastácia) e Na Primeira Manhã (Alceu Valença) emendado com uma composição dela, e inéditas.
“Tentei trazer compositores do Nordeste (para o disco). Algumas canções foram compostas pelo meu pai”. De acordo com a cantora, quando ela demonstrou interesse pela música, o pai-compositor foi compondo e guardando para que ela pudesse interpretá-la. “Assim, algumas dessas canções foram gravadas nesse primeiro álbum”.
Há dois anos, Aiace lançou a música Pra curar (dela com Júlia Maia). E, agora, o Amarelocura, de autoria de Lucas Pitangueira, com produção de Paulo Mutti. Amarelocura é um termo usado por pichadores de rua e reúne palavras com significados fortes: amarelo, amar, elo, lo(u)cura, cura.
“Os dois singles dialogam bastante por que trazem a simbologia do amor como elemento para a cura. O amor é uma chave para combater a dominação, sentimento de se opor aos instrumentos de dominação, como machismo e racismo”.
Preocupado com pandemia, afirma que o momento é da necessidade de sobrevivência. Diz ter sorte por ser professora de canto e aulas online tem ocupado todo o seu tempo durante o dia. Antes da Covid-19, a cantora já vinha participando de festivais internacionais, ratificando seu talento musical.
“Tenho visto como as artes são importantes para manter as pessoas sãs, trazendo esse sentimento de positividade”, diz. Ouvir Aiace, aliás, nesses tempos, é um grande sopro de esperança.
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