Cultura
Região Norte tem menor acesso a cinemas, teatro e museus, mostra pesquisa do IBGE
Deslocamento para acesso a cinema no Amazonas, por exemplo, chega a 23 horas
Em 80% das cidades da Região Norte, a população demora mais de 1h para chegar a um museu, cinema ou teatro. Por outro lado, essa realidade só atinge 13% dos habitantes da região Sul.
O retrato das privações de acesso a equipamentos culturais no Brasil é resultado do levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado nesta sexta-feira 1º.
Através do Sistema de Informações e Indicadores Sociais (SIIC), o IBGE traçou um modelo de cálculo de deslocamento, no qual, foi possível estimar o tempo que uma pessoa que mora em um município sem museu, cinema ou teatro levaria para chegar ao município com equipamento mais próximo entre 2011 a 2022.
Em geral, as maiores discrepâncias de acesso são para municípios com salas de cinema.
Nos estados do Norte, o tempo médio de deslocamento para acessar os equipamentos culturais na cidade mais próxima era quase sempre superior a uma hora. Enquanto, no Rio de Janeiro, essa média era de 16 minutos.
No Amazonas, para chegar ao cinema mais próximo, a média de distância foi de 23 horas e 26 minutos.
Na sequência, considerando os estados do Nordeste, os maiores deslocamentos para assistir um filme foram enfrentados pela população do Maranhão, com 1 hora e 58 minutos de distância, e do Piauí, com 1 hora e 49 minutos.
Os dados retratam uma desigualdade regional: enquanto no Norte, os moradores de 70% dos municípios teriam que passar pelo menos esse tempo de deslocamento para acessar o equipamento cultural, no Sul, essa proporção era apenas 1,3%.
De acordo com a pesquisa, os museus e teatros têm maior distribuição no País, em 29,6% e 23,3% dos municípios, respectivamente, do que os cinemas, com 9%.
“O cinema mostrou a maior seletividade territorial”, destaca o analista da pesquisa, Leonardo Athias.
O contraste é que no período analisado, as despesas públicas com o setor cultural cresceram 73,1%, passando de 7,9 bilhões de reais para 13,6 bilhões. Mas ainda, um montante abaixo da inflação, que cresceu 80%.
A pesquisa ainda revela que 31,4% da população do país vivia em cidades sem museus. A falta de acesso afetava mais as crianças e adolescentes de até 14 anos (34,3%), aqueles sem instrução ou com fundamental incompleto (38,7%) e também a população preta e parda, onde 36% viviam em municípios nessa condição, já para pessoas brancas, ficou em 24,8%.
Um minuto, por favor…
O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.
Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.
Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.
Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.
Assine a edição semanal da revista;
Ou contribua, com o quanto puder.