Rainha da ambiguidade

O trabalho de Marlene Dietrich não era dar vida a personagens, mas usá-los para se expressar

Marlene Dietrich. Diva exótica, lânguida, sensual

Apoie Siga-nos no

“Não sou uma atriz, sou uma personalidade”, declarou Marlene Dietrich (1901-1992), definindo-se à perfeição. Seu trabalho não consistia em dar vida a personagens, mas em se servir das personagens para se expressar.

Nascida em Berlim, filha de um tenente de polícia, Marlene começou a carreira como cantora de cabaré e atriz de teatro de revista. Estreou no cinema em 1922, atuando em filmes  modestos até que, em 1929, Joseph von Sternberg a escolheu para estrelar O Anjo Azul.  Fascinado por sua presença física e seu magnetismo, o diretor resolveu fazer dela uma estrela, tirando partido de suas qualidades mais evidentes: olhar lânguido, a voz grave e sensual,


as pernas perfeitas.

Von Sternberg levou-a para os EUA, onde, juntos, fizeram outros seis filmes, cristalizando a imagem de Marlene como diva exótica e sensual. Em meados dos anos 1930, quando a parceria artística e amorosa entrou em declínio, ela buscou outros caminhos, estrelando a comédia romântica Desejo (Frank Borzage) e revelando um humor autoparódico até então oculto.

Ativa militante contra o nazismo, Marlene deu shows para soldados aliados no front. Depois da guerra, limitou suas aparições no cinema e intensificou a carreira de cantora. Brilhou sob a direção dos grandes: Lang (em O Diabo Feito Mulher), Wilder (A Mundana e Testemunha de Acusação), Hitchcock (Pavor nos Bastidores), Welles (A Marca da Maldade).

Cultivando a ambiguidade sexual, Marlene usava ternos e chapéus masculinos e declarava:  “No fundo do coração, sou um cavalheiro”. O que não a impediu de enlouquecer milhões de cavalheiros.

DVDs


 

Marrocos (1930)


No primeiro filme americano de Marlene (direção de Sternberg) ela é uma cantora de cabaré recém-chegada a Mogador, Marrocos, onde está a Legião Estrangeira. Um legionário (Gary  Cooper) se apaixona por ela e os dois vivem um romance urgente e sem futuro.

 

 

 

A Mundana (1948)


Após a guerra, comitê do Congresso dos EUA vai a Berlim ver como está o moral das tropas. Uma congressista (Jean Arthur) investiga uma cantora (Dietrich) tida como ex-amante de um oficial nazista foragido. Comédia marota de Billy Wilder.

 

 

 

Pavor nos Bastidores (1950)


Rapaz (Richard Todd) é acusado de matar o marido da amante, uma atriz  famosa (Dietrich). Uma estudante de teatro (Jane Wyman), amiga do  acusado, quer provar sua inocência e torna-se assistente da atriz. Suspense clássico de Hitchcock.

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.