Em seus 40 anos de carreira, Annie Ernaux escreveu exclusivamente sobre si mesma. Algo que, em mãos menos hábeis, poderia sugerir um mero exercício de vaidade ou egocentrismo, funciona em seus livros como uma potente reflexão sobre o mundo. Em O Acontecimento, que chega agora ao Brasil, ela volta ao começo da década de 1960, quando, aos 23 anos, realizou um aborto clandestino e ilegal que quase lhe custou a vida.
O livro narra com delicadeza e precisão essa experiência marcante que, mais do que estar confinada ao plano pessoal, reverbera no mundo de hoje, no qual o aborto ainda é um assunto sob discussão.
Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.
Já é assinante? Faça login