Cultura

Pilar da cultura americana, o jazz perde suas referências para a covid-19

Nova Orleans interrompe a tradição de celebrar a morte com música

Jazz. Foto: br.freepik
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Na capital do jazz, seguindo uma tradição centenária, os funerais são realizados acompanhados por brass band, com trompetes, trombones, tubas, percussão. Esta tradição musical afro-americana busca celebrar a vida do falecido em meio ao luto.

Ellis Marsalis Jr., nascido em Nova Orleans, onde se tornou uma lenda do jazz, não pôde ter a presença dessa procissão fúnebre em seu enterro, o que seria natural para um músico afrodescendente na cidade onde o gênero surgiu.

O pianista, pai do trompetista Wylton Marsalis, faleceu no dia 1° de abril aos 85 anos na capital do jazz por complicações decorrentes da covid-19. Devido às restrições da pandemia, o corpo de Marsalis foi velado em silêncio e sem público.

O jazz, depois de Nova Orleans, se estabeleceu principalmente em cidades do norte dos Estados Unidos. Primeiro em Chicago e Nova York, depois Kansas City, Filadélfia, Boston e Seattle.

Acabou tornando-se um dos pilares da cultura americana, com casas e bares exclusivamente voltadas ao gênero, sendo uma atração à parte em várias cidades.

Mas agora o jazz tem sido duramente atingido pela pandemia de coronavírus, com diversas baixas entre suas referências musicai nos Estados Unidos. Bucky Pizzarelli, com 94 anos, faleceu no mesmo dia que Ellis Marsalis, também com coronavírus.

O guitarrista, pai do também guitarrista John Pizzarelli, tornou-se conhecido na cena musical de Nova York, vizinha ao estado onde nasceu: Nova Jersey.

Café Carlyle

Eddy Davis tocava banjo e recebeu um Grammy pelo trabalho na trilha do filme dirigido por Wood Allen, o Meia-Noite em Paris (2011). Os dois fizeram vários shows juntos.

O músico se apresentava com sua banda no famoso Café Carlyle, o jazz club onde Wood Allen é habitué em Nova York. Eddy Davis morreu vítima da covid-19.

Um dos maiores contrabaixistas do jazz, Henry Grimes, acompanhou muita gente de expressão no meio, incluindo um ícone do gênero, John Coltrane. Nascido em Filadélfia, morreu aos 84 anos no dia 15 de abril.

Na mesma data, faleceu aos 92 anos o saxofonista Lee Konitz, também com coronavírus. De Chicago, ele era da escola do lendário Charlie Parker, de quem se tornou amigo próximo.

O trompetista Wallace Roney, com 59 anos, outro músico conhecido do jazz – inclusive entre os brasileiros – morto por conta da covid-19, era discípulo de Mile Davis. Tocou ao lado de Herbie Hancock, entre outros.

Já Mike Longo, com 83 anos, morreu após ser diagnosticado com coronavírus. Ele era pianista de Dizzy Gillespie e teve vários álbuns lançados.

Outros músicos do jazz americano, de influência local, também entraram na lista dos que se foram em decorrência da covid-19 nos meses de março e abril.

O jazz é onde a cultura americana ganha rótulo de qualidade, com mais erudição, complexidade e beleza harmônica. A perda dessas referências é lamentável à música.

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