Cultura

Paul McCartney: ‘Yoko Ono não separou os Beatles’

Depois de 50 anos, o cantor diz que sucessor de Brian Epstein foi o culpado pelo mais famoso racha do rock’n’roll

Depois de 50 anos, McCartney diz que sucessor de Brian Epstein foi o culpado pelo famoso racha do rock’n'roll. Foto: AFP
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Por Tracy McVeigh

Foi quase 50 anos atrás e em preto e branco que o jornalista David Frost, de rosto jovial, entrevistou um Paul McCartney que parecia um bebê, e lhe perguntou o que o futuro lhe reservava. “Eu gostaria de me aposentar cedo, e do jeito que as coisas vão acho que vou conseguir”, disse McCartney.

Cinco décadas depois e nenhum deles aposentado, ambos chegaram aos 70, foram nomeados cavaleiros pela rainha e no sábado se reuniram para uma das mais longas entrevistas que o ex-Beatle já deu.

No programa de uma hora que será transmitido no programa de TV de David Frost no próximo mês, McCartney divulga que Yoko Ono não causou a ruptura dos Beatles, que ele ainda é um rapaz da classe trabalhadora apesar da fama e da fortuna e que seu casamento com Heather Mills é algo de que prefere não falar. Seu segundo casamento não aparece na entrevista; fotos mostram apenas o primeiro, em 1969, com Linda Eastman e depois saltam para o terceiro casamento, um ano atrás, com outra americana, Nancy Shevell. O divórcio litigioso e muito divulgado de Mills não é mencionado no que se considera uma “entrevista em profundidade” única. Mas é sobre a mais infame ruptura do rock’n’roll que McCartney foi incomumente franco.

“Ela certamente não dividiu o grupo, o grupo estava se dividindo”, ele diz sobre Yoko Ono, o que poderá servir para desfazer as décadas de hostilidades dirigidas à viúva de Lennon pelos fãs mais empedernidos desde que o grupo se desmanchou oficialmente em 1970.

McCartney vai além e diz que se Ono não tivesse revelado a vanguarda para John Lennon canções como “Imagine” nunca teriam sido compostas: “Eu não acho que ele teria feito isso sem Yoko, portanto não acho que se possa culpá-la de nada. Quando Yoko chegou, parte de sua atração era seu lado vanguardista, sua visão das coisas, então ela mostrou a John uma outra maneira de ser, que foi muito atraente para ele. Estava na hora de John sair, ele definitivamente ia sair [de um jeito ou de outro].”

Ele diz que em retrospectiva está feliz com o momento do fim dos Beatles; deixaram “um belo corpo da obra”, de modo que a divisão “não foi uma coisa tão ruim”.

Mas McCartney não amoleceu completamente com a idade. Ele admite que achava muito difícil ver Yoko sentada nas sessões de gravação dos Beatles, mas ainda reserva amargura para o falecido Allen Klein, o empresário que tentou assumir o vazio deixado quando o manager do grupo, Brian Epstein, morreu em 1967. Fazendo uma imitação de soco contra uma fotografia do rosto do homem, Paul diz que foi Klein quem o colocou em luta com os outros: “Eu estava lutando contra os outros três, que tinham sido meus melhores amigos a vida inteira. Eu disse que eu queria lutar com Klein”.

Ele conta para Frost que foi a perda de suas mães em idade muito jovem — a de McCartney morreu quando ele tinha 14 anos e a de Lennon quando ele tinha 17 — que ajudou a moldá-los para se tornar músicos tão bem-sucedidos: “Foi uma grande ligação com John”.

Ele fala sobre a perda de Linda, a mãe de quatro de seus cinco filhos. Admite que apesar de a família ter tentado tudo para deter o câncer que a matou ele, sabia desde o primeiro diagnóstico que ela não sobreviveria. “Os médicos haviam me dito em particular que o localizamos tarde demais, que ela teria cerca de 18 meses. E foi o que ela teve.”

Em um tom mais alegre, o compositor popular mais bem-sucedido do mundo diz que seu papel com seus cinco filhos — Mary, Heather, Stella e James com Linda e Beatrice, de 8 anos, com Heather Mills — e oito netos é o mais importante em sua vida. “Ser pai e avô é a coisa mais bacana para mim.”

McCartney aparentemente é conhecido por dar entrevistas de apenas 15 minutos, e ele conseguiu manter a privacidade sobre sua vida pessoal durante toda a sua carreira. Esta última reunião entre as duas lendas britânicas é anunciada como o retorno de Frost às entrevistas “no estilo Nixon” para o canal de TV Al Jazeera English, onde ele trabalha desde seu lançamento em 2006. Com 73 anos, Frost disse sobre os episódios de 60 minutos, que começam em 9 de novembro: “A conversa mais longa não apenas nos permite nos aprofundar mais, como descontrai os entrevistados para que falem mais sobre sua vida e obra”.

Por Tracy McVeigh

Foi quase 50 anos atrás e em preto e branco que o jornalista David Frost, de rosto jovial, entrevistou um Paul McCartney que parecia um bebê, e lhe perguntou o que o futuro lhe reservava. “Eu gostaria de me aposentar cedo, e do jeito que as coisas vão acho que vou conseguir”, disse McCartney.

Cinco décadas depois e nenhum deles aposentado, ambos chegaram aos 70, foram nomeados cavaleiros pela rainha e no sábado se reuniram para uma das mais longas entrevistas que o ex-Beatle já deu.

No programa de uma hora que será transmitido no programa de TV de David Frost no próximo mês, McCartney divulga que Yoko Ono não causou a ruptura dos Beatles, que ele ainda é um rapaz da classe trabalhadora apesar da fama e da fortuna e que seu casamento com Heather Mills é algo de que prefere não falar. Seu segundo casamento não aparece na entrevista; fotos mostram apenas o primeiro, em 1969, com Linda Eastman e depois saltam para o terceiro casamento, um ano atrás, com outra americana, Nancy Shevell. O divórcio litigioso e muito divulgado de Mills não é mencionado no que se considera uma “entrevista em profundidade” única. Mas é sobre a mais infame ruptura do rock’n’roll que McCartney foi incomumente franco.

“Ela certamente não dividiu o grupo, o grupo estava se dividindo”, ele diz sobre Yoko Ono, o que poderá servir para desfazer as décadas de hostilidades dirigidas à viúva de Lennon pelos fãs mais empedernidos desde que o grupo se desmanchou oficialmente em 1970.

McCartney vai além e diz que se Ono não tivesse revelado a vanguarda para John Lennon canções como “Imagine” nunca teriam sido compostas: “Eu não acho que ele teria feito isso sem Yoko, portanto não acho que se possa culpá-la de nada. Quando Yoko chegou, parte de sua atração era seu lado vanguardista, sua visão das coisas, então ela mostrou a John uma outra maneira de ser, que foi muito atraente para ele. Estava na hora de John sair, ele definitivamente ia sair [de um jeito ou de outro].”

Ele diz que em retrospectiva está feliz com o momento do fim dos Beatles; deixaram “um belo corpo da obra”, de modo que a divisão “não foi uma coisa tão ruim”.

Mas McCartney não amoleceu completamente com a idade. Ele admite que achava muito difícil ver Yoko sentada nas sessões de gravação dos Beatles, mas ainda reserva amargura para o falecido Allen Klein, o empresário que tentou assumir o vazio deixado quando o manager do grupo, Brian Epstein, morreu em 1967. Fazendo uma imitação de soco contra uma fotografia do rosto do homem, Paul diz que foi Klein quem o colocou em luta com os outros: “Eu estava lutando contra os outros três, que tinham sido meus melhores amigos a vida inteira. Eu disse que eu queria lutar com Klein”.

Ele conta para Frost que foi a perda de suas mães em idade muito jovem — a de McCartney morreu quando ele tinha 14 anos e a de Lennon quando ele tinha 17 — que ajudou a moldá-los para se tornar músicos tão bem-sucedidos: “Foi uma grande ligação com John”.

Ele fala sobre a perda de Linda, a mãe de quatro de seus cinco filhos. Admite que apesar de a família ter tentado tudo para deter o câncer que a matou ele, sabia desde o primeiro diagnóstico que ela não sobreviveria. “Os médicos haviam me dito em particular que o localizamos tarde demais, que ela teria cerca de 18 meses. E foi o que ela teve.”

Em um tom mais alegre, o compositor popular mais bem-sucedido do mundo diz que seu papel com seus cinco filhos — Mary, Heather, Stella e James com Linda e Beatrice, de 8 anos, com Heather Mills — e oito netos é o mais importante em sua vida. “Ser pai e avô é a coisa mais bacana para mim.”

McCartney aparentemente é conhecido por dar entrevistas de apenas 15 minutos, e ele conseguiu manter a privacidade sobre sua vida pessoal durante toda a sua carreira. Esta última reunião entre as duas lendas britânicas é anunciada como o retorno de Frost às entrevistas “no estilo Nixon” para o canal de TV Al Jazeera English, onde ele trabalha desde seu lançamento em 2006. Com 73 anos, Frost disse sobre os episódios de 60 minutos, que começam em 9 de novembro: “A conversa mais longa não apenas nos permite nos aprofundar mais, como descontrai os entrevistados para que falem mais sobre sua vida e obra”.

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