Passado de golpes é a origem da dúvida sobre o nascimento de Carlos Gardel, diz jornal

O cantor de tango teria pedido ao então presidente da Argentina Marcelo Alvear que sumisse com seus registros na Políca Federal para apagar seu passado golpista

Carlos Gardel. Foto: José María Silva / Archivo General de la Nación

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Um dos mais famosos cantores de tango da história da Argentina, Carlos Gardel sempre se esquivou da questão sobre sua nacionalidade, mais especificamente sobre o país em que nasceu. Agora, 77 anos após sua morte, um documento divulgado pelo jornal argentino Página 12 revela que as incertezas sobre o lugar de nascimento tentavam, na verdade, esconder antecedentes criminais.

De acordo com o jornal, uma investigação criminal revelou pela primeira vez um documento real de Carlos Gardel, que aparece sob o pseudônimo de “El pibe Carlitos” (O garoto Carlitos) e com antecedentes de “vigarista, através da história do tio”, uma modalidade de golpe comum na época. O documento, publicado pelo jornal, chegou à redação por meio de um fax de destinatário desconhecido e ainda não se sabe onde está o documento original, que é datado de 18 de agosto de 1915.

Segundo o Página 12, Gardel conseguiu, por ordem do presidente Marcelo T. Alvear, a destruição de todos os seus registros. Porém, alguém da província de Buenos Aires conseguiu manter dois documentos a salvo – o que foi agora foi revelado e outro de 1904, quando Gardel era criança e fugiu de casa.

O documento recebido pelo jornal foi submetido à análise dos cientistas forenses Raúl Torre e Juan José Fenoglio que comprovaram sua veracidade e mostram que os documentos de 1915 e 1904 são da mesma pessoa. Em 1904, quando Gardel procurava por sua mãe e não tinha motivos para mentir, os dados filiatórios do cantor eram: Carlos Gardez, nascido em 1990, em Toulouse (Toulouse), França.

O golpista


A modalidade de golpe denominada ‘conto do tio’ consistia em um golpista que contava, geralmente no bares, que havia recebido uma herança de um tio, mas que não tinha dinheiro para viajar até a província do falecido tio para receber a quantia herdada. Após apresentar documentos falsos às vítimas do golpe, se firmava uma espécie de acordo pelo qual o contador da história cedia parte de sua herança e as vítimas arcavam com os custos da viagem, alojamento e, algumas vezes, do advogado.

Para o cientista forense Torre, uma figura como Gardeal não poderia ter no currículo uma passagem como golpista, o que justifica as incertezas sobre seu passado. Por esse motivo, Gardel, por intermédio do líder conservador Alberto Barceló, pediu ao presidente Alvear, em 1922, a o desaparecimento de seus registros na Políca Federal e em Buenos Aires.


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