Para ouvir em casa: álbum resgata o samba-canção com novos intérpretes

Novo trabalho caminha pelo gênero a partir de livro de Zuza Homem de Mello

Copacabana (Foto: Selo Sesc/Divulgação)

Apoie Siga-nos no

A intensa vida noturna de Copacabana fez despontar inúmeros músicos a partir da década de 1930, quando o bairro começou a ganhar prédios. Não se conhece outro local no país que tenha sido palco de tantos intérpretes, compositores e instrumentistas com reconhecido talento durante pelo menos 40 anos.

O bairro foi perdendo força como cena musical nos anos 1960. Mas o samba-canção que fez residência no local permaneceu como um gênero síntese da união da batucada leve e cadenciada com a música dor de cotovelo.

O álbum recém-lançado Copacabana (Selo Sesc), com repertório de 14 faixas baseado no livro Copacabana: a trajetória do samba-canção, de Zuza Homem de Mello, que também concebeu e dirigiu este trabalho, dá um panorama expressivo em forma de música desse período.

?feature=oembed" frameborder="0" allowfullscreen> src="https://i.ytimg.com/vi/CTDgaPNonus/hqdefault.jpg" layout="fill" object-fit="cover">

O trabalho faz não só um excelente resgate das músicas que referenciam Copacabana ou se tornaram muito conhecidas nas boates e casas de espetáculo nos tempos áureos do bairro, mas também reúne um time pouco badalado, mas representativo de intérpretes da nova geração e da velha-guarda com grande afinidade com o gênero musical.

As faixas

O álbum abre com a clássica “Copacabana, princesinha do mar…” (João de Barro e Alberto Ribeiro) com as vozes tarimbadas de Luciana Alves e Zé Luiz Mazziotti, seguida de outro clássico: a música Acontece, de Cartola, na interpretação do jovem talento Ayrton Montarroyos.


A terceira do álbum, Linda Flor (Henrique Vogeler, Luiz Peixoto, Marques Porto e Cândido Costa), Luciana Alves canta (bem) de novo. A Fracassos de Amor (Tito Madi e Milton Silva) vem com a nova intérprete Anna Setton, de voz reluzente.

?feature=oembed" frameborder="0" allowfullscreen> src="https://i.ytimg.com/vi/HbiW81m9kUI/hqdefault.jpg" layout="fill" object-fit="cover">

No X do Problema, da obra conhecida de Noel Rosa, Luciana Alves reaparece em mais uma interpretação bem conduzida. A sexta faixa, Na Madrugada (Nilo Sergio), o acordeonista Toninho Ferragutti dita com virtuosismo a única faixa instrumental.

Ayrton Montarroyos coloca voz em Vingança (“O remorso talvez seja a causa de seu desespero…” de Lupicínio Rodrigues) e Luciana Alves em Fim de Caso (Dolores Duran).

Dóris Monteiro

Fecho Meus Olhos… Vejo Você (José Maria de Abreu) é regravada de forma emotiva por Dóris Monteiro aos 85 anos, uma das cantoras marcantes do samba-canção.

O trabalho segue com Não Tem Solução (Dorival Caymmi e Carlos Guinle) com Zé Luiz Mazziotti, e Você Não Sabe Amar (Dorival Caymmi, Hugo Lima e Carlos Guinle) com Luciana Alves, ambas na mesma faixa, e a pouco conhecida Solidão (Tom Jobim e Alcides Fernandes) com Ayton Montarroyos.

O antológico cantor performático Edy Star, que fez sucesso nos bares do Rio em meados do século passado, interpreta a música Meu Vício é Você (Adelino Moreira). Depois vem Ocultei (Ary Barroso) com Anna Setton.

Sábado em Copacabana (Dorival Caymmi e Carlos Guinle) encerra o álbum com Anna Setton, Ayrton Montarroyos, Luciana Alves e Zé Luiz Mazziotti.

Os arranjos e direção musical do álbum Copacabana é de Ronaldo Rayol.

Alguns sambas-canção badalados outros nem tanto, o trabalho comandado por Zuza Homem de Mello é agradável, delicado, sentimental e muito bom de se ouvir em tempos de isolamento domiciliar.

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.