Maria da Graça Costa Penna Burgos, Gal Costa, partiu aos 77 anos nesta quarta-feira 9. Com cerca de 60 anos de carreira, foi soberana como intérprete desde o começo. Um caso raro na música brasileira.
Todos os seus discos lançados – doze no total, contando o do Doces Bárbaros – nos dez primeiros anos de carreira, de 1969 a 1979, são emblemáticos.
Não é simples mostrar tanto talento em tão pouco tempo. Mas Gal o fez. Ousada, afinada, direta, emocionada, delicada, revoltada, romântica e diversa. Com sublime timbre, trabalhava a voz limite com maestria. Está tudo ali, nos dez primeiros anos de carreira.
Algumas canções registradas nesse período expressam exatamente quem era Gal em corpo e alma: Meu Nome É Gal (Roberto Carlos e Erasmo Carlos), Pérola Negra (Luiz Melodia), Vapor Barato (Jards Macalé e Waly Salomão), Falsa Baiana (Geraldo Pereira), Volta (Lupicínio Rodrigues), Barato Total (Gilberto Gil), Tigresa (Caetano Veloso), Acontece (Cartola), Vatapá (Dorival Caymmi), Folhetim (Chico Buarque) e Balancê (João de Barro e Alberto Ribeiro).
Em 1980, após o turbilhão dos trabalhos anteriores, registou Aquarela do Brasil de Ary Barroso. “Brasil!/ Terra boa e gostosa/ Da morena sestrosa/ De olhar indiferente/ Brasil, samba que dá/ Para o mundo se admirar/ O Brasil, do meu amor/ Terra de nosso Senhor”. Seguiu adiante, cantando Vaca Profana (Caetano Veloso), Brasil (George Israel, Nilo Romero e Cazuza), revisitando Tom Jobim e outras mais.
Foi até o ano passado lançando álbuns, mostrando caminhos, reverenciando compositores. Gal Costa é referência para maioria das cantoras no Brasil. E seguirá sendo, por muitos e muitos anos. Uma das maiores cantoras brasileiras de todos os tempos, indiscutivelmente.
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