Cultura

Olha ele aí

Gosto do astral, das luzes coloridas e da gastança do Natal. Eles emprestam à cidade um ar de boate decadente de baixo nível

Minha aposta gastronômica é o Formigatone, panetone feito com formigas. Ilustração: Ricardo Papp
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Fazer o quê? Todo ano ele chega. E eu gosto. Adoro o Natal. Ainda não entrei naquela fase que a data convida ao suicídio.

Gosto do astral, da gastança, das luzes. E nesse quesito, o nosso querido Júnior decidiu atacar. Aqui em São Paulo, as tradicionais luzinhas brancas começaram a ser substituídas por outras vermelhas, azuis, roxas, verdes, emprestando às ruas um ar de boate decadente de baixo nível.

E por ter citado o Júnior, não posso deixar de mencionar que o Calabretone, o panetone recheado de linguiça calabresa, continua a ser um campeão de vendas.

Todavia, considerando que o Brasil, definitivamente, entrou para a categoria de país gourmet, minhas apostas vão mais para esse lado, o lado da sofisticação. Pequeno comentário paralelo antes de prosseguir: aqui nesta coluna, já faz tempo, mas foi neste ano, comentei que o Brasil não é mais o país do futebol, é o país da alta gastronomia. E se alguém ainda não havia se dado conta disso, uma pergunta: por que Alex Atala foi chamado para o sorteio da Copa das Confederações. Anote: o novo Pelé virá da cozinha.

E como uma coisa puxa a outra, falando em Alex, Júnior, gastronomia e invenção, minha aposta para o hit mega blaster deste Natal vai para o FORMIGONE ­sim, o panetone de formigas!

As formigas dominaram o cenário nacional. Já ouvi da boca de um grande pecuarista que tem muita gente pensando em trocar o boi pela formiga. Também não é novidade que biólogos mirmecólogos estão recebendo propostas milionárias de salários e promessas de investimentos em pesquisas ainda mais polpudos para começar a desenvolver “raças” híbridas de formiga. Coisas do gênero Formi-Chester, uma formiga com mais bunda, por exemplo. Muito mais não posso dizer, porque uma descoberta como essa muda o rumo da economia de um país.

Falando em ideias geniais, onde foram parar todos aqueles avestruzes que começaram a ser criados como frangos e com a promessa de lucros extraordinários? Devem estar tomando todas com os escargots que escaparam de seus cativeiros em alguma pousada que consumiu todo o FGTS do pobre Nestor, que hoje usa as apostilas do curso Como Gerir uma Pousada para aquecer a água no fogão de lenha, no qual ele sonhava fazer comida da fazenda para os hóspedes que não apareceram.

Etna Rosato é minha forte recomendação, e agora é sério, para o Natal e fim de ano. Um vinho rosado feito em Catânia, na Sicília. Já falei sobre ele, mas vale repetir. Um rosado com jeito de tinto classudo e de branco equilibrado. Mais firme e menos ácido que qualquer rosado que eu tenha tomado. É importado pela Mistral, tem bom preço e acompanha bem o peru, um bacalhau, massas leves e também é espetacular para tomar um monte na beira de uma piscina, beliscando frutos do mar, salada de grãos.

Pausa: que combinação infernal feijão-branco, cebolas e bacalhau. E o que é mais bestial (juro: última rima com AL) fica bom quente ou frio. Desse mesmo produtor, que é o Tenuta Delle Terre Nere, o tal bacalhau (ops!) eu juntei com um branco. E tal e qual (sério, foi a última mesmo) o rosado, me deixou encantado. Um branco sólido.

Brancos italianos precisam ser mais provados. São muitos os bons. Só não gosto do preço e admito que na hora de provar mais um acabo optando por outro conhecido, da França, do Novo Mundo ou da Alemanha, que continua firme produzindo joias raras.

Não vejo tendência para pratos neste fim de ano, tirando as já mencionadas formigas.

Não deixarei de preparar o meu peru. Ano passado foi com injeções de uma redução de boa cachaça, alho, laranja e mel. Este ano estou tentado a voltar a usar o vinho sauternes, também com laranja.

Passo depois as indicações básicas para quem quiser arriscar. Fica bom, garanto.

Fazer o quê? Todo ano ele chega. E eu gosto. Adoro o Natal. Ainda não entrei naquela fase que a data convida ao suicídio.

Gosto do astral, da gastança, das luzes. E nesse quesito, o nosso querido Júnior decidiu atacar. Aqui em São Paulo, as tradicionais luzinhas brancas começaram a ser substituídas por outras vermelhas, azuis, roxas, verdes, emprestando às ruas um ar de boate decadente de baixo nível.

E por ter citado o Júnior, não posso deixar de mencionar que o Calabretone, o panetone recheado de linguiça calabresa, continua a ser um campeão de vendas.

Todavia, considerando que o Brasil, definitivamente, entrou para a categoria de país gourmet, minhas apostas vão mais para esse lado, o lado da sofisticação. Pequeno comentário paralelo antes de prosseguir: aqui nesta coluna, já faz tempo, mas foi neste ano, comentei que o Brasil não é mais o país do futebol, é o país da alta gastronomia. E se alguém ainda não havia se dado conta disso, uma pergunta: por que Alex Atala foi chamado para o sorteio da Copa das Confederações. Anote: o novo Pelé virá da cozinha.

E como uma coisa puxa a outra, falando em Alex, Júnior, gastronomia e invenção, minha aposta para o hit mega blaster deste Natal vai para o FORMIGONE ­sim, o panetone de formigas!

As formigas dominaram o cenário nacional. Já ouvi da boca de um grande pecuarista que tem muita gente pensando em trocar o boi pela formiga. Também não é novidade que biólogos mirmecólogos estão recebendo propostas milionárias de salários e promessas de investimentos em pesquisas ainda mais polpudos para começar a desenvolver “raças” híbridas de formiga. Coisas do gênero Formi-Chester, uma formiga com mais bunda, por exemplo. Muito mais não posso dizer, porque uma descoberta como essa muda o rumo da economia de um país.

Falando em ideias geniais, onde foram parar todos aqueles avestruzes que começaram a ser criados como frangos e com a promessa de lucros extraordinários? Devem estar tomando todas com os escargots que escaparam de seus cativeiros em alguma pousada que consumiu todo o FGTS do pobre Nestor, que hoje usa as apostilas do curso Como Gerir uma Pousada para aquecer a água no fogão de lenha, no qual ele sonhava fazer comida da fazenda para os hóspedes que não apareceram.

Etna Rosato é minha forte recomendação, e agora é sério, para o Natal e fim de ano. Um vinho rosado feito em Catânia, na Sicília. Já falei sobre ele, mas vale repetir. Um rosado com jeito de tinto classudo e de branco equilibrado. Mais firme e menos ácido que qualquer rosado que eu tenha tomado. É importado pela Mistral, tem bom preço e acompanha bem o peru, um bacalhau, massas leves e também é espetacular para tomar um monte na beira de uma piscina, beliscando frutos do mar, salada de grãos.

Pausa: que combinação infernal feijão-branco, cebolas e bacalhau. E o que é mais bestial (juro: última rima com AL) fica bom quente ou frio. Desse mesmo produtor, que é o Tenuta Delle Terre Nere, o tal bacalhau (ops!) eu juntei com um branco. E tal e qual (sério, foi a última mesmo) o rosado, me deixou encantado. Um branco sólido.

Brancos italianos precisam ser mais provados. São muitos os bons. Só não gosto do preço e admito que na hora de provar mais um acabo optando por outro conhecido, da França, do Novo Mundo ou da Alemanha, que continua firme produzindo joias raras.

Não vejo tendência para pratos neste fim de ano, tirando as já mencionadas formigas.

Não deixarei de preparar o meu peru. Ano passado foi com injeções de uma redução de boa cachaça, alho, laranja e mel. Este ano estou tentado a voltar a usar o vinho sauternes, também com laranja.

Passo depois as indicações básicas para quem quiser arriscar. Fica bom, garanto.

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