Cultura

O senhor do espetáculo

José Geraldo Couto escreve sobre o cineasta Cecil B. DeMille, o diretor mais popular que existiu

Cecil B. DeMille. Grandiosidade sem nuances
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O senhor do espetáculo “Cecil B. DeMille (1881-1959) foi o diretor mais popular que existiu”, declarou Howard Hawks. “Era o único capaz de fazer épicos bíblicos – eram tão horríveis que ficavam bons.” Antes de se tornar a encarnação do grande espetáculo hollywoodiano, esse filho de dramaturgo e atriz estudou na Academia de Artes Dramáticas de Nova York e estreou no palco em 1900, aos 18 anos. Foi ator ambulante e integrante de várias companhias até se juntar a Jesse Lasky e Samuel Goldwyn para produzir filmes em Los Angeles. Fundaram a Famous Players-Lasky, que daria origem à Paramount, onde DeMille reinou inconteste 40 anos.

Sua estreia na direção,  Amor de Índio (1914), é considerada o primeiro longa-metragem de Hollywood. Dividindo-se inicialmente entre os filmes históricos e os dramas e comédias da vida conjugal, foi tendendo cada vez mais para os primeiros. Tudo em seu cinema se tornou cada vez mais superlativo: cenários, número de figurantes, efeitos especiais e até a duração dos filmes.

Autocrático e megalômano, além de direitista empedernido, usou seu agudo senso do espetáculo e concepções estéticas do século XIX para agradar às massas. Às críticas de que recorria ao kitsch, ao maniqueísmo, a um erotismo de almanaque e às simplificações históricas, respondia: “Faço filmes para o público, não para os críticos”.

O cenógrafo Mitchell Leisen, colaborador de DeMille, tem uma definição lapidar: “Ele não tinha nuances. Tudo nele estava escrito em letras de néon de dois metros de altura: desejo, vingança, erotismo”. Não é isso que o povo quer?

DVDs

Sansão e Dalila (1949)


A versão de DeMille para a passagem bíblica em que Sansão (Victor Mature) luta para libertar os hebreus dos filisteus sublinha o erotismo latente entre o herói e a filisteia Dalila (Hedy Lamarr) e aposta nas cenas grandiosas, como a destruição do templo de Dagon, imitada em tantas superproduções posteriores.

O Maior Espetáculo da Terra (1952)


DeMille troca os épicos bíblicos pelo picadeiro, sem perder a grandiosidade. Diretor de um circo itinerante (Charlton Heston) tem de administrar vaidades e  dramas de sua trupe. O evento central é o acidente que aleija o trapezista galã (Cornel Wilde). Único Oscar de melhor filme do diretor.

Os Dez Mandamentos (1956)


O último filme de DeMille é um remake de seu épico mudo de 1923, agora uma superprodução narrando a fuga dos judeus do Egito, comandada por Moisés (Heston). Entre as cenas célebres, a  travessia do Mar Vermelho. Também no elenco Yul Brynner, Anne Baxter e Edward G. Robinson.

O senhor do espetáculo “Cecil B. DeMille (1881-1959) foi o diretor mais popular que existiu”, declarou Howard Hawks. “Era o único capaz de fazer épicos bíblicos – eram tão horríveis que ficavam bons.” Antes de se tornar a encarnação do grande espetáculo hollywoodiano, esse filho de dramaturgo e atriz estudou na Academia de Artes Dramáticas de Nova York e estreou no palco em 1900, aos 18 anos. Foi ator ambulante e integrante de várias companhias até se juntar a Jesse Lasky e Samuel Goldwyn para produzir filmes em Los Angeles. Fundaram a Famous Players-Lasky, que daria origem à Paramount, onde DeMille reinou inconteste 40 anos.

Sua estreia na direção,  Amor de Índio (1914), é considerada o primeiro longa-metragem de Hollywood. Dividindo-se inicialmente entre os filmes históricos e os dramas e comédias da vida conjugal, foi tendendo cada vez mais para os primeiros. Tudo em seu cinema se tornou cada vez mais superlativo: cenários, número de figurantes, efeitos especiais e até a duração dos filmes.

Autocrático e megalômano, além de direitista empedernido, usou seu agudo senso do espetáculo e concepções estéticas do século XIX para agradar às massas. Às críticas de que recorria ao kitsch, ao maniqueísmo, a um erotismo de almanaque e às simplificações históricas, respondia: “Faço filmes para o público, não para os críticos”.

O cenógrafo Mitchell Leisen, colaborador de DeMille, tem uma definição lapidar: “Ele não tinha nuances. Tudo nele estava escrito em letras de néon de dois metros de altura: desejo, vingança, erotismo”. Não é isso que o povo quer?

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Sansão e Dalila (1949)


A versão de DeMille para a passagem bíblica em que Sansão (Victor Mature) luta para libertar os hebreus dos filisteus sublinha o erotismo latente entre o herói e a filisteia Dalila (Hedy Lamarr) e aposta nas cenas grandiosas, como a destruição do templo de Dagon, imitada em tantas superproduções posteriores.

O Maior Espetáculo da Terra (1952)


DeMille troca os épicos bíblicos pelo picadeiro, sem perder a grandiosidade. Diretor de um circo itinerante (Charlton Heston) tem de administrar vaidades e  dramas de sua trupe. O evento central é o acidente que aleija o trapezista galã (Cornel Wilde). Único Oscar de melhor filme do diretor.

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O último filme de DeMille é um remake de seu épico mudo de 1923, agora uma superprodução narrando a fuga dos judeus do Egito, comandada por Moisés (Heston). Entre as cenas célebres, a  travessia do Mar Vermelho. Também no elenco Yul Brynner, Anne Baxter e Edward G. Robinson.

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