por José Geraldo Couto
Ao entrar na vida artística, Marilyn Pauline Novak mudou seu prenome para Kim, de modo a não ser confundida com Marilyn Monroe. Fazia sentido. Ambas eram louras, lindas e traziam a sexualidade estampada no rosto.
Assim como Marilyn, Kim Novak foi condenada desde o início ao papel de símbolo sexual. Nascida em 1933 em Chicago, onde trabalhou como modelo, balconista, ascensorista e assistente de dentista, chegou a Hollywood com 19 anos. Logo no primeiro teste diante da câmera, ouviu o diretor dizer aos presentes: “Não ouçam o que ela diz. Só olhem para ela”.
O chefão da Columbia, Harry Cohn, decidiu fazer de Kim uma estrela. Em pouco tempo ela já contracenava com Jack Lemmon na comédia de costumes Abaixo o Divórcio (Mark Robson), com William Holden no drama romântico Férias de Amor (Joshua Logan) e com Frank Sinatra na tragédia do vício O Homem do Braço de Ouro (Otto Preminger), mostrando uma versatilidade insuspeitada.
Mas eram sempre papéis em que sua beleza e sensualidade eram cruciais. Hitchcock mudou um pouco isso ao fazê-la encarnar a misteriosa e ambígua Madeleine de Um Corpo Que Cai (1958). E Billy Wilder mostrou-a como uma tremenda comediante em Beije-me, Idiota (1964).
Mesmo assim, Kim não soube transformar-se numa atriz madura e respeitada. Entrou em declínio nos anos 70, aparecendo cada vez menos nas telas. Exceções notáveis: Apenas um Gigolô (David Hemmings, 1978) e Liebestraum – Atração proibida (Mike Figgis, 1991). Livre do peso de sex symbol, vive no Oregon e cuida de animais. Cria cavalos e lhamas e, desde 1976, está casada com um veterinário.