O que é o Prêmio Camões, que será entregue por Lula a Chico Buarque nesta segunda-feira

Premiação, entregue pelos governos de Brasil e Portugal, é a mais importante da língua portuguesa; Chico Buarque será o 13º escritor brasileiro a receber o Camões e fez sua estreia no romance em 1991, com "Estorvo"

Foto: Reprodução/YouTube/Companhia das Letras

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O cantor, compositor, dramaturgo e escritor Chico Buarque de Hollanda recebe, nesta segunda-feira 24, o Prêmio Camões. A premiação – a mais importante da literatura em língua portuguesa – será entregue pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na cidade de Sintra, em Portugal.

O Prêmio Camões

Instituído em 1989, o Prêmio Camões visa reconhecer autores “cuja obra contribua para a projeção e o reconhecimento da língua portuguesa”. O nome do prêmio é uma homenagem ao poeta português Luís de Camões (1524-1580), autor de obras como “Os Lusíadas”. O valor do prêmio – 100 mil euros – é pago pela Fundação Biblioteca Nacional, do Brasil, e pelo governo português.

Ao longo dos seus mais de trinta anos, o Prêmio Camões já foi entregue a treze autores brasileiros, a exemplo de João Cabral de Melo Neto, Rachel de Queiroz, Jorge Amado, Antonio Candido, Rubem Fonseca, Lygia Fagundes Telles, João Ubaldo Ribeiro, Ferreira Gullar e Raduan Nassar.

A trajetória literária de Chico Buarque de Hollanda 

O anúncio do oferecimento do Camões a Chico Buarque foi feito ainda em 2019, mas não foi entregue ao autor após o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmar que só o faria em 2026. Desde então, o Ministério da Cultura de Portugal vinha buscando uma solução diplomática para a entrega da premiação, que deve ser feita pelos presidentes dos dois países. Finalmente, após a volta de Lula à presidência do Brasil, o prêmio será entregue.


Embora reconhecido como um dos maiores compositores da história da música brasileira, Chico Buarque publica obras de ficção literária desde a década de 1970, quando estreou com a novela “Fazenda Modelo” (1974). Em documentário sobre a sua obra artística, Buarque já chegou a dizer que se sente “profissionalmente, mais um escritor do que um músico”.

Em 1991, ele fez a sua estreia como romancista, como livro “Estorvo”. Com boa recepção de público e crítica, a narrativa em primeira pessoa descreve o cotidiano de um personagem deslocado nas suas relações familiares. Com “Estorvo”, Buarque recebeu o Prêmio Jabuti, o principal prêmio literário do Brasil.

Nos anos 1990, também publicou o romance “Benjamin”. Em 2003, lançou “Budapeste”, que conta a história de um ghost-writer que faz uma escala imprevista na capital húngara que dá título ao livro. José Miguel Wisnik cunhou a obra como “um romance do duplo”, tradição literária presente em obras de autores Fiódor Dostoiévski.

Em 2009, Buarque lançou “Leite Derramado”, a partir das recordações de um idoso, membro de uma tradicional família brasileira, que está em um leito de hospital. O livro pode ser compreendido como uma sátira das relações sociais no Brasil. A obra foi agraciada com o Prêmio Jabuti.

Os livros mais recentes do escritor brasileiro são “O Irmão Alemão” (2014), “Essa Gente” (2019) e “Anos de Chumbo e outros contos” (2021), sendo o último a sua estreia na narrativa curta. 

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