Cultura

O Homero do Monument Valley

John Ford por meio século fez 144 filmes, era considerado um mestre dos filmes westerns e fixou nas telas do mundo a América mítica dos amplos espaços, dos grandes homens e dos nobres valores

John Ford. Ele fixou nas telas a mítica América da amplidão
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“Meu nome é John Ford. Eu faço westerns.” Foi assim, com sisuda modéstia, que se apresentou numa reunião de cineastas, nos anos 1950, um dos maiores nomes da história do cinema. Durante meio século, John Martin Feeney (1894-1973) fez 144 filmes e fixou nas telas do mundo a América mítica dos amplos espaços, dos grandes homens e dos nobres valores.

Décimo de 11 filhos de imigrantes irlandeses pobres, John seguiu os passos do irmão Frank e se aventurou nos primórdios do cinema. Atuou em filmes do irmão e do pioneiro Griffith (foi um membro da Ku Klux Klan em Nascimento de uma Nação), antes de dirigir seu primeiro filme, o curta The Tornado, em 1917.

A partir do advento do som, teve três décadas de grande cinema, produzindo obras-primas em vários gêneros, do drama político (O Delator) à cinebiografia (A Mocidade de Lincoln), da comédia romântica (Depois do Vendaval) ao drama social (Vinhas da Ira), do filme de guerra (Fomos os Sacrificados) ao de aventura (Mogambo).

Mas sua praia era o faroeste, gênero cuja mitologia ajudou a criar, e no fim da carreira a discutir, em obras como No Tempo das Diligências, Rastros de Ódio, O Homem que Matou o Facínora e Paixão dos Fortes. Filmando quase sempre na paisagem majestosa do Monument Valley, deu ao western uma dimensão épica que o levou a ser chamado de “Homero das pradarias”.

Conservador, ranzinza e anti-intelectual, nunca se considerou um artista. Mas foi venerado pelos grandes, de Pudovkin a Fellini e Truffaut. Quando indagaram a Orson Welles quais seus três cineastas favoritos, respondeu: “John Ford, John Ford e John Ford”.

DVDs


O Homem que Matou o Facínora (1935)


Dublin, 1922. Rejeitado por seus amigos da resistência antibritânica, o desocupado e bêbado Gypo Nolan (Victor McLaglen) entra em desespero ao ver a amada (Margot Grahame) cair na prostituição e delata seus ex-camaradas, passando a ser perseguido pela culpa e pelo medo. Primeiro dos quatro Oscars de direção de John Ford.

No Tempo das Diligências (1939)


Diligência atravessa o Arizona sob a ameaça de um ataque apache. A bordo, um pistoleiro (John Wayne), uma prostituta (Trevor Howard), um médico e um político. Vagamente inspirado no conto Bola de Sebo, de Maupassant, foi o primeiro faroeste de Ford com Wayne e o primeiro rodado no Monument Valley.

O Homem que Matou o Facínora (1962)


Depois do funeral de um velho amigo (John Wayne), um senador (James Stewart) que virou herói por ter matado um temível criminoso (Lee Marvin) narra em flash-back a história verdadeira do caso. Faroeste crepuscular de Ford, no qual se diz a célebre frase: “Quando a lenda se torna fato, imprima-se a lenda”.

“Meu nome é John Ford. Eu faço westerns.” Foi assim, com sisuda modéstia, que se apresentou numa reunião de cineastas, nos anos 1950, um dos maiores nomes da história do cinema. Durante meio século, John Martin Feeney (1894-1973) fez 144 filmes e fixou nas telas do mundo a América mítica dos amplos espaços, dos grandes homens e dos nobres valores.

Décimo de 11 filhos de imigrantes irlandeses pobres, John seguiu os passos do irmão Frank e se aventurou nos primórdios do cinema. Atuou em filmes do irmão e do pioneiro Griffith (foi um membro da Ku Klux Klan em Nascimento de uma Nação), antes de dirigir seu primeiro filme, o curta The Tornado, em 1917.

A partir do advento do som, teve três décadas de grande cinema, produzindo obras-primas em vários gêneros, do drama político (O Delator) à cinebiografia (A Mocidade de Lincoln), da comédia romântica (Depois do Vendaval) ao drama social (Vinhas da Ira), do filme de guerra (Fomos os Sacrificados) ao de aventura (Mogambo).

Mas sua praia era o faroeste, gênero cuja mitologia ajudou a criar, e no fim da carreira a discutir, em obras como No Tempo das Diligências, Rastros de Ódio, O Homem que Matou o Facínora e Paixão dos Fortes. Filmando quase sempre na paisagem majestosa do Monument Valley, deu ao western uma dimensão épica que o levou a ser chamado de “Homero das pradarias”.

Conservador, ranzinza e anti-intelectual, nunca se considerou um artista. Mas foi venerado pelos grandes, de Pudovkin a Fellini e Truffaut. Quando indagaram a Orson Welles quais seus três cineastas favoritos, respondeu: “John Ford, John Ford e John Ford”.

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O Homem que Matou o Facínora (1935)


Dublin, 1922. Rejeitado por seus amigos da resistência antibritânica, o desocupado e bêbado Gypo Nolan (Victor McLaglen) entra em desespero ao ver a amada (Margot Grahame) cair na prostituição e delata seus ex-camaradas, passando a ser perseguido pela culpa e pelo medo. Primeiro dos quatro Oscars de direção de John Ford.

No Tempo das Diligências (1939)


Diligência atravessa o Arizona sob a ameaça de um ataque apache. A bordo, um pistoleiro (John Wayne), uma prostituta (Trevor Howard), um médico e um político. Vagamente inspirado no conto Bola de Sebo, de Maupassant, foi o primeiro faroeste de Ford com Wayne e o primeiro rodado no Monument Valley.

O Homem que Matou o Facínora (1962)


Depois do funeral de um velho amigo (John Wayne), um senador (James Stewart) que virou herói por ter matado um temível criminoso (Lee Marvin) narra em flash-back a história verdadeira do caso. Faroeste crepuscular de Ford, no qual se diz a célebre frase: “Quando a lenda se torna fato, imprima-se a lenda”.

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