Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

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Novo livro de Chico Buarque tem contos que lembram suas composições

Obra lançado na sexta 22 é a primeira desse tipo de narrativa do músico, compositor e escritor

Foto: Divulgação
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Quem costuma se debruçar a fundo nas letras das músicas de Chico Buarque irá se deparar, no seu último livro, lançado na sexta 22, várias lembranças de suas diversas formas de compor.

Anos de Chumbo e Outros Contos (Companhia das Letras), o primeiro desse tipo de narrativa do músico, compositor e escritor, é uma obra que situa suas composições e romances, tendendo a face que remonta às letras de sua discografia – até pela divisão de faixas ou textos.

São oito contos do autor de Estorvo (1991), Benjamin (1995), Budapeste (2003), Leite Derramado (2009), O Irmão Alemão (2014) e Essa Gente (2019). Seu livro de contos segue a sedutora leitura de seus romances.

No primeiro conto, Meu Tio, a mulher na obra de Chico mantém um relacionamento proibido com o parente. O autor é a mulher em primeira pessoa.

Em Passaporte, o canalha e o playboy, o cafajeste e o coxinha. A narrativa ocorre no aeroporto, lugar de ostentação, onde nos dias de hoje artistas engajados ganham rabo de olho (expressão usada por Chico no livro) pela elite social, apesar em algum tempo da vida terem os admirado de forma pronunciada.

No terceiro conto, Os Primos de Campos, a memória infanto-juvenil, o futebol, o fominha pela bola, referenciado diversas vezes na sua música.

Depois, as questões e preocupações sociais. Nesse conto, chamado Cida, Chico narra, ainda que um pouco ficcional, o mundo que ele provavelmente já viu nas suas andanças pelo Leblon, com gente na rua defronte aos imponentes edifícios. Não precisa nem dizer que isso seja sua arte principal na composição: o contraste social.

Em Copacabana, o quinto conto do novo livro, o texto mais ficcional, mas não menos realista sobre o bairro inseguro com gente que admira.

Para Clarice Lispector, com Candura, a admiração de um com outro, bem próximo do que deve ter sido de fato. Chico já declarou que a inspiração de seus personagens femininos vem da escritora.

Os encontros amorosos e incertezas são narrados em O Sítio, onde se refugiou com uma donzela. Os infortúnios dão ar de suspense.

No último texto, a faixa-título, ou melhor, o conto Anos de Chumbo. No período do regime militar, o convívio dentro de casa com o capitão resignado na função nos porões da ditadura, mas cego quando traído pela mulher.

O livro é isso. Vá e leia a obra enquanto um novo disco de Chico Buarque não chega.

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