Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

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Novo disco de Céu reúne trabalhos de Ismael Silva, Milton Nascimento, Morris Albert e Sade

Álbum eclético da cantora, lançado nesta sexta 12, consegue reunir diferentes estilos graças à competente produção de Pupillo

Foto: Cássia Tabatini/Divulgação
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Depois de cinco álbuns cantando composições próprias, Céu lança nesta sexta 12 o disco de intérprete Um Gosto de Sol. O trabalho é eclético e vai desde Ao Romper da Aurora registrada por Ismael Silva – que assina a composição com Francisco Alves e Lamartine Babo – a Feellings de Morris Albert.

“Pensei em trazer outras camadas minhas. Quem me acompanha sabe que gosto de Rita Lee, samba, reggae. Mas ninguém sabia que eu gostava de pagode, de Fiona Apple”, diz a cantora.

De pagode, ela regravou Deixa Acontecer (Carlos Caetano e Alex Freitas), sucesso com o grupo Revelação, que tem a participação de Emicida. De Fiona Apple, a canção Criminal. “Resgatei minha infância, minha adolescência e a vida adulta. Músicas que me influenciaram. Queria trazer isso à tona”, explica o repertório com músicas de pelo menos de 20 anos de gravação.

Além de Fiona Apple, o novo álbum de Céu traz mais três canções em inglês, mantendo o hábito de gravar músicas em língua inglesa desde o primeiro disco. São elas: I Don’t Know, gravada por Beastie Boys, May This Be Love, de Jimi Hendrix, Paradise, de Sade e Feelings, de Morris Albert.

Sobre essa última, um marco da canção romântica, ela diz que teve até polêmica na sua escolha. “Ela tem versões desde a Nina Simone passando por Sara Vaughan, Caetano Veloso e The Offspring. Composta por um brasileiro, ela tem uma cafonice. Mas gosto de me rasgar cantando no karaokê. Faz parte de outra camada minha”, conta.

Produtor do disco (e marido de Céu), Pupillo tirou a carga de fossa da canção de Morris Albert, dando uma versão original à música que encaixou bem na voz doce e compassada da cantora.

Pupillo, aliás, foi o responsável direto em fazer com competência as ligações do repertório tão eclético desse novo álbum de Céu. Não é simples juntar Bim Bom, uma das poucas composições de João Gilberto, e Pode Esperar (Roberto Corrêa e Sylvio Son), gravado por Alcione, citando mais duas canções que foram agora regravadas pela cantora.

A gravação de Um gosto de sol, do Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, registrada originalmente no álbum seminal Clube da Esquina, é um desejo antigo dela de registrar o cantor mineiro. O fato de ter se tornado faixa-título está na agora procura pela luz, depois de longo período fechada na pandemia.

“Não tinha a menor dúvida que seria ela. Primeiro pela força da canção, o nome, exatamente o que a gente deseja hoje, que é aquecer. Gosto de sol é a chama que eu almejo”, afirma.

Céu ainda regravou Teimosa, de Antonio Carlos e Jocafi, com backing vocal de Russo Passapusso (BaianaSystem) e Chega Mais, clássico de Rita Lee.

Sepultura

Destaques na instrumentação, além de Pupillo na bateria e percussão, Lucas Martins no baixo e synths e, veja, Andreas Kisser, do Sepultura, no violão de sete cordas.

“Pupillo sabia de meu desejo de fazer um disco em que o violão de nylon fosse o protagonista. Queria chamar alguém com personalidade e que conhecesse música brasileira”, revela. “E o Pupillo viu o Andreas (são amigos) tocando chorinho com o filho dele na rede social. Andreas estava tocando muito”, lembra o que a motivou fazer o convite a um dos grandes guitarristas do heavy metal a participar de seu novo álbum.

Segundo Céu, ele se dedicou para tocar o violão de sete, já que não lhe era familiar. O resultado da participação de Andreas Kisser ficou bom, de novo com a mão de Pupillo. Para dar destaque ao violão, em meio ao uso de sintetizadores ali e acolá, que é comum no trabalho de Céu, o uso de sete cordas tornou-se mais apropriado.

Duas vinhetas são ainda apresentadas ao longo do álbum: Sons de Carrilhões, de João Pernambuco, e Salobra, de Andreas Kisser, Pupillo, DJ Nyack e Céu. Elas se conectam ao fio condutor criado para esse disco desafiador para Céu, mas realizado com êxito.

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