Cultura

Nova cena musical de Pernambuco foca na criação coletiva

Juliano Holanda, músico catalisador dessa geração, aponta ‘momento de ruptura’

Juliano Holanda (Foto: Beto Figueroa/Divulgação)
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Foi em 2017 que alguns músicos se reuniram pela primeira vez para apresentar canções autorais em um show no Recife. O trabalho coletivo tinha o nome de Reverbo. O projeto se firmou, teve outras apresentações e tornou-se referência para entender a nova cena musical pernambucana.

“É uma ideia coletiva que passa principalmente pelo afeto e pela construção compartilhada. Já haviam grupos se encontrando e iniciando parcerias. A minha contribuição foi unir as partes e apresentar um caminho viável”, conta Juliano Holanda, músico catalisador dessa nova geração de talentosos cantores e compositores.

Ele ressalta que a canção é a expressão maior da chamada Mostra Reverbo: “Há um grande foco no diálogo entre o litoral e o interior. O convívio e as trocas auxiliam no desenvolvimento individual e a força criadora do coletivo. Os músicos se influenciam mutuamente e uns colaboram nos trabalhos dos outros”.

Juliano Holanda crê no trabalho colaborativo, “parte de uma mesma trilha e desejo. Sempre vi a arte como um mecanismo transformador”.

O músico, que atua como instrumentista (além de cantar, toca guitarra, violão e baixo) e já integrou ou ainda integra várias bandas, revela desejo antigo pelo coletivo. A Mostra Reverbo reúne hoje cerca de 30 artistas, de várias regiões do Estado.

Do coletivo há nomes que já ganharam projeção nacional, como Almério, Amaro Freitas, Isadora Melo, Jr. Black, Gabi da Pele Preta e Flaira Ferro.

Carreira

Com início de carreira em meados dos anos 1990, Juliano Holanda tem dois álbuns solos lançados em 2013: A Arte de Ser Invisível e Pra Saber Ser Nuvem de Cimento Quando o Céu for de Concreto. É produtor de mais de 40 trabalhos de variados artistas.

Mas é na composição que Juliano Holanda se sobressai: algo em torno de 200 músicas gravadas. Só no ano passado teve música gravada por Elba Ramalho, Zélia Duncan, Filipe Catto, além de colegas do Reverbo como Alexandre Revoredo e Rogéria Dera.

Seus parceiros de composição incluem Lula Queiroga, Lirinha do Cordel do Fogo Encantado e Lucas Santtana, e companheiros do Reverbo, como Martins, PC Silva, Joana Terra, Marcello Rangel, Vinícius Barros, entre outros. Juliano tem planos de lançar um álbum novo esse ano.

Cultura popular

“Cresci em Olinda. Nasci em Goiana (PE), região que é o berço do Maracatu Rural e do Cavalo-marinho. Tenho o som dos metais talhados na minha música. Sou, antes de tudo, admirador da força social da cultura popular.”

Afirma que há uma nova geração de instrumentistas e compositores que vem se propondo a trabalhar com o frevo e ele se inclui nisso.

“Acredito que estamos num desses instigantes momentos de ruptura e renovação”, diz em meio ao período do carnaval onde a música regional pernambucana ganha expressividade.

A produtora Mery Lemos, ligada à Mostra Reverbo desde começo e mulher de Juliano Holanda, criou esse ano o Festival de Frevos Terríveis.

“Fazia tempo que queria pôr isso em prática. Esse ano fiz parceria com a Orquestra Malassombro, que é o mais importante acontecimento do frevo na atualidade em Pernambuco.”

Segundo ela, a ideia central do festival “é instigar as pessoas a pensar o frevo de uma forma mais descontraída e irreverente e também provocar o panteão do frevo pernambucano”.

Alguns membros da Mostra Reverbo poderão ser vistos em ação em palcos do carnaval do Recife e de Olinda. É a renovação musical pernambucana em cena.

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