Cultura

Neotropicalismo fortaleceu a MPB e merece mais atenção da história

Show de 1998 com Chico César, Lenine, Zeca Baleiro, Paulinho Moska e Marcos Suzano sintetiza esse agrupamento de talentos

Os Cinco no Palco (1998) gravado pela TV Cultura: da esquerda para a direita, Lenine, Chico César, Zeca Baleiro e Paulinho Moska. Foto: Reprodução/TV Cultura
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Uma geração de músicos surgida nos anos 1990 fez com que se discutisse a influência do tropicalismo na música brasileira, em função desse novo grupo de artistas ter traços discursivos e estéticos do movimento emergido no final da década de 1960. Arriscou-se dizer que se tratava de um Neotropicalismo, mas sem defini-lo como uma ação conjunta e articulada. 

Os próprios músicos participantes dessa nova geração desconsideravam integrar um movimento, já que cada um tinha (e tem) um estilo e um jeito muito próprio de fazer música. Mas a conjunção deles deu significado novo – e ainda dá – à MPB.

Talvez o show que melhor represente esse chamado Neotropicalismo é o intitulado Os Cinco no Palco, realizado em 1998 com a presença de Chico César, Zeca Baleiro, Lenine, Paulinho Moska e Marcos Suzano. Trata-se de um memorável encontro e um grande acontecimento musical dos últimos tempos.

A apresentação, disponível?feature=oembed" frameborder="0" allowfullscreen> no Youtube, expressou a nova face da música brasileira, mais diversa e intensa, com mistura de ritmos, e linguagem contemporânea e heterogênea. O show foi gravado pela TV Cultura e tem algumas falas dos músicos participantes definindo o encontro. O repertório consagra a integração de sons regionais, com um viés pop, de força universal, capaz de revigorar a música brasileira com grandiosidade. 

O show Os Cinco no Palco, que chegou a ocorrer em algumas poucas cidades, é pulsante, marcados por canções que alavancaram a carreira de Chico César, Zeca Baleiro, Lenine e Paulinho Moska, todos também bons instrumentistas, com a percussão moderna e adaptável de Marcos Suzano. O calor do público próximo faz palpitar ainda mais a gravação.

Essa geração dos anos 1990 com forte influência do tropicalismo é integrada ainda por Rita Ribeiro, Adriana Calcanhoto, Zélia Duncan e alguns outros desgrudados da música baiana carnavalesca dos mesmos anos 1990. Ressalta-se que dentro desse grupo tinha uma forte presença do chamado cantautor (cantor-compositor).

A energia desse show Os Cinco no Palco sintetiza a força da música brasileira na sua vertente mais rica e nobre. O pessoal dessa geração está ainda aí, produzindo, contestando e apresentado formas de fazer arte criativa e pensante. Mas falta um aprofundamento maior desse conjunto de talentos pós-ditadura, como já foi feito com o rock nacional, o Manguebeat, o rap, o funk, os sambistas do Cacique de Ramos. 

Há alguns trabalhos acadêmicos, como de Lígia Cristina de Morais Bezerra e Michael Viana Peixoto, discutindo essa turma engajada composta por Chico César, Lenine, Zeca Baleiro e cia, mas carece um trabalho atualizado e definitivo sobre a inconfundível relevância dela à música popular brasileira.

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