Cultura

Natiruts lança álbum e faz críticas ao governo Bolsonaro

Banda com 25 anos de estrada mostra cumplicidade com seu público e harmonia nas canções do novo trabalho de estúdio Good Vibration

Alexandre Carlo e Luís Maurício. Foto: Thaís Mallon/Divulgação
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Alexandre Carlo, vocalista da banda de reggae Natiruts, ao contar sobre o lançamento do álbum da banda, o Good Vibration – Vol 1. (Sony Music), ressalta que o termo do título do novo trabalho vem da África ancestral e é presente no reggae a partir de difusão de Bob Marley, ícone do gênero. No disco Babylon by Bus do jamaicano, a primeira faixa, Positive Vibration, simboliza esse caminho por boas sensações.

A faixa-título do álbum tem a participação da excelente cantora da nova geração Iza, que costuma se posicionar contra o racismo. O convite não foi por acaso.

“Fiz essa música na pandemia, depois que li na biografia do Pixinguinha a passagem em que ele conta que foi receber um prêmio no Copacabana Palace e acabou barrado na porta por ser negro. A resposta dele foi fazer uma música. A minha inspiração foi desse momento”, conta o vocalista do Natiruts. A ótima canção fala de persistência e africanidade, palavras próximas de Iza.

O álbum da banda, aliás, tem várias participações e é o mais colaborativo do grupo entre os nove trabalhos de estúdio lançados. Na faixa America Vibra, onde trata de um mundo mais unido, Alexandre Carlo canta com Ziggy Marley (filho de Bob) e a atriz mexicana de origem indígena Yalitza Aparicio, conhecida pela performance no filme Roma (2018).

Segundo Luís Maurício, baixista e fundador do Natiruts junto com Alexandre Carlo, a participação de Yalitza ressalta o momento de “romper fronteiras e criar pontes”.

São nove faixas com seis inéditas. Como em outros discos, as músicas da banda de reggae jamaicano incluem no novo álbum pitadas de ritmos brasileiros. A faixa Rosas tem a participação do espanhol Macaco. Já Reggae Amor conta com Carlinhos Brown.

A cantora costa-riquenha Debi Nova participa da canção Que Bom Você de Volta II, e o porto-riquenho Pedro Capó divide com a banda a faixa Todo Bien. O grupo niteroiense Melim toca em De Tanto Sol.

Por fim, a banda de reggae Planta e Raiz, da geração do Natiruts, participa da música Dia Perfeito.

Momento

O Good Vibration surge em um momento de pandemia difícil e complexo. O grupo diz considerar o trabalho como uma resposta à situação, aguardada pelo seu público.

“Passamos esse momento absurdo, com a colaboração direta do governo federal. As pessoas que acompanham nosso trabalho esperam esse acalanto em nossas canções”, diz Alexandre Carlo.

“Poderíamos lançar esse disco em outro momento, mas decidimos falar agora de ‘good vibration’, em oposição à falta de ética, de empatia, de organização e de responsabilidade do atual governo brasileiro. Pois sabemos que quem escuta Natiruts está esperando isso de nós”, acrescenta.

Luís Maurício cita “momento terrível” que o mundo vive e o Brasil ainda mais. Os dois artistas, no entanto, ressaltam a importância da música neste período delicado. “Ela teve bem presente nos lares. Espero que as pessoas não percam o valor que a cultura tem, com o governo virando as costas para a cultura, colocando como algo secundário. Que fique a lição”, diz Luís.

“A gente acostumou a ver cultura só como entretenimento. No momento como esse, onde só se tem às vezes a arte como companheira, salvando até a vida. Tivemos aprendizado que a cultura não é só diversão. Ela educa, cuida da mente e do espírito”, ressalta Alexandre.

O volume 2 de Good Vibration já foi gravado, faltando apenas alguns detalhes. O trabalho deve sair ano que vem com um documentário da trajetória da banda.

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