Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

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Músico que rodou a noite com Nelson Cavaquinho quer gravar 3º álbum

Mestre Siqueira, com 84 anos, também acompanhou Pixinguinha, Donga e João da Baiana

Músico que rodou a noite com Nelson Cavaquinho quer gravar 3º álbum
Músico que rodou a noite com Nelson Cavaquinho quer gravar 3º álbum
Foto: Rafael Luvizetto/Coletivo Sindicato do Samba
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Quando chegou ainda jovem no Rio de Janeiro vindo do Recife, o cavaquinhista Siqueira foi levado pelo amigo bandolinista Natal à Mangueira. Eles se reuniam lá para tocar no Buraco Quente, principal acesso ao morro, ou na quadra da escola de samba, ali próximo.

Nas andanças pela comunidade da Verde e Rosa, encontrava Cartola, Carlos Cachaça e Padeirinho. Com o compositor Nelson Cavaquinho, outro ilustre mangueirense, saía pelos bares da Lapa e arredores.

Lembra ele que Nelson passava em vários lugares, tocando pela madrugada adentro. “Um boêmio”, resume. Siqueira era bem jovem: “Tinha fôlego para acompanhar”. O cavaquinhista fala admirado com a capacidade de Nelson Cavaquinho de rodar a noite com seu violão de forma incansável.

Sua relação com a Mangueira o fez ir tocar na Velha Guarda, ao lado de outros personagens históricos da escola, como Nelson Sargento, Tantinho e Xangô. Acabou permanecendo por cerca de 30 anos no grupo, saindo há poucos anos.

José Siqueira de Alcântara, o Mestre Siqueira, como é chamado, começou bem jovem. Tocou em vários regionais e grupos, como a Orquestra Tabajara, de Severino Araújo. Antes, porém, integrou por cinco anos como cavaquinhista a banda de Pixinguinha, até sua morte, em 1973. Os lendários João da Baiana e Donga também faziam parte do grupo comandado pelo maestro e um dos maiores músicos brasileiros de todos os tempos.

“Ele era maravilho”, diz sobre Pixinguinha. Era chamado por ele de Garoto. Mas conta que tanto Pixinguinha, como João da Baiana e Donga, embora o tratasse com muito respeito, mantinham certa distância. “Naquela época era assim. Músicos de acompanhamento não tinham essa intimidade”.

Siqueira chegou a tocar acordeon, mantendo suas raízes pernambucanas. Mas por ser um instrumento caro, optou em ficar com o cavaco. Trabalhou na prefeitura do Rio e hoje é aposentado. “A vida de músico é um ioiô”, justifica o fato de não ter vivido só de música. Ele mora há cerca de 30 anos em Maria da Graça, na Zona Norte.

Mestre Siqueira tem dois discos de choro lançados: “Entre Nós” (2013) e “80 anos” (2017). Agora, tem um projeto de gravar terceiro álbum com músicas instrumentais inéditas. Nesses dois primeiros trabalhos, há composições próprias de um grande chorão e conhecedor como ninguém do ofício.

Um financiamento coletivo foi lançado para gravar esse seu novo trabalho e as contribuições estão abertas até o dia 4 de novembro. O projeto pode ser conhecido aqui.

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