Cultura

Mulheres indígenas lançam álbum de carimbó para abrir espaço de luta

Grupo musical do Baixo Tapajós, no Pará, surgiu de uma associação para combater o racismo e a violência

Foto: Daniel Govino/Divulgação
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A Associação de Mulheres Indígenas Suraras do Tapajós foi concebida em 2016 em Alter do Chão, no Pará, com o objetivo de discutir problemas. Nas rodas de conversa entre elas, tornaram-se frequentes relatos de violência.

“Resolvemos então promover uma caravana no Baixo Rio Tapajós para acolhimento e reunimos 200 mulheres de diversas aldeias e etnias”, conta Adelina Borari, vice-presidente da entidade.

Em 2020, depois de desenvolver projetos com parceiros, a associação foi formalizada.

“A missão da associação é combater o racismo e a violência contra a mulher indígena. A associação age para que as mulheres sejam financeiramente independentes”, diz.

Adelina é também integrante do grupo musical de carimbó que leva o mesmo nome da associação. A ideia foi ampliar a atuação por meio da música.

Ela relata que em Alter do Chão só tinham grupos musicais formados por homens. “Com a música, a gente consegue ocupar novos espaços de luta”. O carimbó é uma dança indígena tradicional do Norte do País.

Agora, elas lançaram Kirĩbasawa Yúri Yí-itá – A Força que vem das Águas, o primeiro registro fonográfico das mulheres indígenas Suraras do Tapajós. O trabalho foi disponibilizado nas plataformas digitais pelo selo Alter do Som.

“É uma realização do grupo. Está deixando nossa marca de ‘artevista’”. As músicas mostram a ancestralidade, a defesa do território e a força da mulher indígena. “[O disco trata] da ligação com a água, com os encantados – que são nossos protetores – emanando força e energia e equilíbrio com a natureza”.

O álbum tem nove faixas, sendo a de abertura em Nheengatu [língua falada pelos povos do Baixo Tapajós] e as outras em português. Pelo fato de reunir somente mulheres indígenas, esse pode ser o primeiro grupo musical feminino autêntico de carimbó no país.

O grupo Suraras do Tapajós já fez várias apresentações no Norte e em outras regiões, como Centro-Oeste e Sudeste. O álbum Kirĩbasawa Yúri Yí-itá – A Força que vem das Águas foi viabilizado por meio da Lei Aldir Blanc.

A turística Alter do Chão, onde se localiza a associação, está atualmente paralisada por conta da pandemia, o que tem gerado problemas graves e a necessidade da Associação de Mulheres Indígenas fazer sistemática campanha de arrecadação de cesta básica para distribuir à população.

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