Cultura

Moyseis Marques caminha entre o samba e o forró em registro ao vivo

Cantor sintetiza carreira em disco com participação de Chico Buarque

Moyseis Marques caminha entre o samba e o forró em registro ao vivo
Moyseis Marques caminha entre o samba e o forró em registro ao vivo
Moyseis Marques (Foto: Elena Moccagatta)
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Moyseis Marques teve seu primeiro disco lançado cantando forró. Não se trata de um trabalho solo, mas com o grupo Contramão e quase todas composições são suas. Quatro anos depois ele apresentou um trabalho só seu, mas de samba.

O cantor e compositor circula nessas duas praias. E sintetizou essa dupla atuação no CD e DVD ao vivo chamado Passatempo, recém-lançado.

O trabalho mostra um versátil artista de forte interpretação. Destaque para duas das três inéditas do registro, a faixa-título Passatempo (dele com Claudio Jorge) e Amor de Sabiá (com a revelação Vidal Assis); e nas regravações de Panos e Planos (com Luiz Carlos Máximo), Entre os Girassóis (com Edu Krieger) e Meu Canto É pra Valer (com Moacyr Luz).

“Minha preocupação era fazer um trabalho ao vivo fidedigno à minha trajetória”, diz.

Afirma que a idade (ele tem 40 anos) o ensinou a respeitar o processo: “Era importante fazer um audiovisual de qualidade – é meu primeiro DVD -, que mostrasse um pouco das minhas pegadas na estrada da música: o cantor, o compositor, o violonista, o produtor, o arranjador, o samba, o forró, as canções de amor, o intérprete. Está tudo aí”’.

Inspiração entre a música do Nordeste e o samba

Com formação musical com um pé no forró e outro no samba, ele se inspira em Jackson do Pandeiro, que completa 100 anos de nascimento em 2019, e talvez o maior exemplo dessa integração de dois gêneros musicais tipicamente nacionais.

“Jackson (do Pandeiro) nos prova que as fronteiras na música são muito menores do que imaginamos, e sua maneira de cantar o samba, com seus ‘modalismos’ nordestinos aliados às síncopes cariocas, me fez mergulhar nesse vasto oceano”.

Ele diz que Jackson (que nasceu na Paraíba) o influenciou no caminho inverso: “Um carioca cantador de samba metido a cantar forró” (risos).

Na verdade, Moyseis nasceu em Juiz de Fora (MG), mas foi para o subúrbio do Rio cedo, onde incorporou rapidamente os traquejos daquele contexto.

Chico Buarque

Conta que tem planos de gravar músicas do eterno Luiz Carlos da Vila, fazer um CD de forró, outro com inéditas.

Tem também na agulha um CD com músicas de Chico Buarque, fruto de um show que faz há dois anos com a obra do profícuo artista. Aliás, tanto no CD como no DVD, uma faixa bônus no final apresenta Moyseis cantando com Chico a música Subúrbio (de Chico).

“Foi a realização de um sonho, uma chancela motivadora e necessária”.

Passatempo levou dois anos para ficar pronto entre o financiamento coletivo, gravação ao vivo e seu lançamento.

A gravação ao vivo, no CD tem 18 faixas selecionadas, e no DVD, 23 – no DVD foram incluídas regravações apresentadas no show ao vivo que originou o registro.

Foi um trabalho muito esperado. Moyseis foi cuidadoso. O registro tem a participação de João Martins, Laila Garin, Marcelo Mimoso e do acordeonista Kiko Horta.

Trata-se de um bom e meticuloso disco revivendo pouco mais de 20 anos de carreira de Moyseis Marques, pertencente a uma geração de sambistas que tem trafegado além do samba tradicional.

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