Cultura
Morre Tony Bizarro, um dos pioneiros da soul music brasileira
Embora tenha sido um dos grandes divulgadores do gênero, nos últimos tempos o cantor andou recluso, recusando até participação em shows


Morreu nesta segunda-feira 31 o cantor Tony Bizarro, 73 anos. Um dos pioneiros da soul music brasileira, ele sofria do Mal de Alzheimer e nos últimos dois anos estava internado numa clínica em São Paulo. Um dos grandes divulgadores do gênero, Bizarro andou recluso nos últimos tempos, evitando falar sobre o período e recusando participação em shows.
Luiz Antonio Bizarro nasceu no dia 19 de abril de 1948. Descendente de italianos (eles se chamavam Bizarre antes de chegar ao país), era frequentador da Cave, badalada casa noturna do centro de São Paulo frequentada por artistas da jovem guarda, onde se escutava o melhor da música black americana. O primeiro contato de Bizarro com o universo musical se deu na Polydor, onde atuou como produtor dos cantores Odair José e Diana, entre outros. Em 1971, transferiu-se para a CBS (atual Sony Music) onde gravou o disco Tony & Frankye. Um dos marcos da soul music brasileira, o álbum tem produção de Raul Seixas e até hoje é muito disputado pelos colecionadores do gênero. Tony & Frankye se separaram pouco antes do segundo álbum e Bizarro passou a lançar compactos como os de O Carona, de 1972 (assinado por Tony & Sonho Colorido e gravado quatro anos mais tarde por Fabio Jr. em seu disco de estreia).
Nesse Inverno, de 1977, é tido como um dos melhores discos de Tony Bizarro e da soul music nacional. Traz as participações de Robson Jorge & Lincoln Olivetti (guitarra e teclados, respectivamente), do maestro Waltel Branco, do baterista Mamão e backing vocals de Rosa Maria. O repertório também é o fino, trazendo canções como Não Vai Mudar, Vai com Deus e Adeus Amigo Vagabundo – que Os Incríveis gravaram em 1970, num álbum inspirado pela soul music. Hoje tido como um clássico do gênero, Nesse Inverno teve vendas desapontadoras. Bizarro voltou para a produção, tendo trabalhado com Sidney Magal e (de novo) Odair José. Mas em 1983, ele retornou às paradas com Estou Livre, balanço gravado com auxílio de Robson Jorge & Lincoln Olivetti. Cinco anos depois foi a vez de Alma Negra, que uniu Bizarro a outros pioneiros do gênero, como Luiz Vagner, Tony Tornado, Carlinhos Trumpete e Lady Zu. O último lançamento se deu em 2008, com diversas versões do single Estou Livre, com remixes e participações de rappers como Thaíde e BNegão.
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