Cultura

Meu tio, o guerrilheiro

Marighella segue sendo figura controvertida e não será o documentário realizado sobre ele pela sobrinha Isa Grinspum Ferraz a relativizar a polarização

Meu tio, o guerrilheiro
Meu tio, o guerrilheiro
Olhar carinhoso. O tio quase sempre ausente das reuniões familiares (na foto mostrando um ferimento de bala) renasce aqui como habituado à batalha, com um lado afetuoso
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Marighella


Isa Grinspum Ferraz

Um pequeno marco de pedra na calçada da alameda Casa Branca relembra onde o guerrilheiro Carlos Marighella (1911-1969) tombou vítima de uma emboscada policial. No espaço onde cabe uma placa, hoje vazio, já se afixaram dizeres em sua homenagem, mas também contra o militante comunista. Há quem defenda que a via paulistana passe a ter seu nome, projeto polêmico, e não é raro encontrar pichações sobre a sinalização oficial. Marighella segue, assim, figura controvertida e não será o documentário realizado sobre ele pela sobrinha Isa Grinspum Ferraz a relativizar a polarização.

Não que este seja um pressuposto inconsequente e assumido do filme que estreia sexta 10. Apenas que a realizadora propõe um olhar carinhoso, mais do que imparcial, e procura fustigar na memória as lembranças sobre o tio quase sempre ausente das reuniões familiares, que surgia e desaparecia com a mesma rapidez. Tanto assim que faltam imagens gravadas de Marighella, situação compensada com documentação de arquivo e depoimentos como o da viúva Clara Charf e de intelectuais como Antonio Candido. Não fossem alguns exageros de encenação e um tom melódico que por vezes se sobrepõem à narrativa, seria correto dizer que a figura histórica do baiano integrante do PC e dirigente da Ação Libertadora Nacional renasce nesta investigação mais como homem duro de batalha do que personagem envolto em afeto, o que agora se descobre também ser.

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Um pequeno marco de pedra na calçada da alameda Casa Branca relembra onde o guerrilheiro Carlos Marighella (1911-1969) tombou vítima de uma emboscada policial. No espaço onde cabe uma placa, hoje vazio, já se afixaram dizeres em sua homenagem, mas também contra o militante comunista. Há quem defenda que a via paulistana passe a ter seu nome, projeto polêmico, e não é raro encontrar pichações sobre a sinalização oficial. Marighella segue, assim, figura controvertida e não será o documentário realizado sobre ele pela sobrinha Isa Grinspum Ferraz a relativizar a polarização.

Não que este seja um pressuposto inconsequente e assumido do filme que estreia sexta 10. Apenas que a realizadora propõe um olhar carinhoso, mais do que imparcial, e procura fustigar na memória as lembranças sobre o tio quase sempre ausente das reuniões familiares, que surgia e desaparecia com a mesma rapidez. Tanto assim que faltam imagens gravadas de Marighella, situação compensada com documentação de arquivo e depoimentos como o da viúva Clara Charf e de intelectuais como Antonio Candido. Não fossem alguns exageros de encenação e um tom melódico que por vezes se sobrepõem à narrativa, seria correto dizer que a figura histórica do baiano integrante do PC e dirigente da Ação Libertadora Nacional renasce nesta investigação mais como homem duro de batalha do que personagem envolto em afeto, o que agora se descobre também ser.

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