Melodista brilhante, Carlos Lyra levou a política à bossa nova

Cantor e compositor, morto neste sábado 16, era exuberante músico e também engajado nas causas sociopolíticas

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Carlos Lyra faleceu, neste sábado 16, aos 90 anos após ser internado com febre no Rio de Janeiro. O melodista deixa como legado composições refinadas e impecáveis, tornando-se uma referência aqui e lá fora nessa arte.

Ícone da bossa nova, o carioca foi além de sua geração marcada por letras leves e ingênuas. O músico também teve forte atuação política ligado ao movimento estudantil, no seu momento mais agudo antes do golpe militar.

Fundador do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE), deu a bossa nova tom sociopolítico.

Chegou a fazer música de protesto em parceria com Vinicius de Moraes, a Marcha de Quarta-Feira de Cinzas, que se tornou uma espécie de premonição do que ocorreria em 1964. Além de na mesma época ter feito com o poeta a peça musical Pobre Menina Rica, com participação de Nara Leão, que narrava um encontro de uma moça rica com um poeta mendigo.

Foi também um dos responsáveis em aproximar sambistas do morro de artistas que moravam na Zona Sul do Rio. Durante a ditadura, se autoexilou nos Estados Unidos.

Em 1971 voltou a Brasil e ao tema sócio-político com os discos E No Entanto é Preciso Cantar (1971), Eu e Elas (1972) e Herói do Medo (1975). Nos anos 1980, já em período de abertura política, contava nos palcos os tempos de perseguição quando frequentava a UNE.


A partir daí se pôs a serviço de novo da bossa nova na sua essência musical, apresentando o gênero pelo mundo afora.

O maestro Tom Jobim tinha admiração pelas melodias e harmonias de Lyra. Seus discos são procurados até hoje por aficionados e artistas em busca de sonoridades originais e extremamente versáteis.

Os seus três primeiros álbuns entre 1959 e 1963 são disputados a tapa no mercado – ou vendidos a peso de ouro – porque expressam a musicalidade na sua plenitude na visão de Lyra.

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