Cultura

Mart’nália: “Estou chocada com a regressão em nosso País”

A cantora lança CD com músicas de Vinicius de Moraes

Mart'nália lança CD com músicas de Vinicius de Moraes (Foto: Divulgação)
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Mart’nália apresenta seu 12º álbum dedicado exclusivamente às canções de Vinicius de Moraes. Nesse disco, a cantora gravou clássicos do compositor.

“Precisava de mais tempo para lançar um CD com composições novas, então pensei em fazer um com regravações”, explica ela sobre “Mat’nália canta Vinicius de Moraes”.

Ela diz que desde 2002 grava Vinicius em seus trabalhos. Aliás, Mart’nália, em seus discos, tem variação grande de repertório e ritmo.

Seus discos se caracterizam por apresentar músicas suas inéditas com parceiros ou de outros compositores, dividir canções com grandes intérpretes e também cantar músicas conhecidas, nem tudo relacionado ao samba.

“Tem pessoas que dizem: a sambista Mart’nália…. Sou filha de um sambista (Martinho da Vila). E o samba fala alto em tudo, mas me misturo muito com todos os ritmos. Gosto desta pluralidade”.

Lembra ela, se divertindo, que o “+Misturado” ganhou em 2017 o Grammy Latino de melhor álbum de samba com algumas canções gravadas não exatamente dentro do gênero, como “Estrela” (Gilberto Gil), “Tempo de Estio” (Caetano Veloso) e “Linha do Equador” (Djavan e Caetano).

A cantora e compositora cita que na adolescência ouvia Nina Simone, Billie Holiday, Aretha Franklin, Elis Regina, Caetano, Bethânia, Gal, Gil, Luiz Melodia, Elizeth Cardoso.

“Tenho tudo isso dentro de mim. Fico diversificando”.

Nesse disco que Mart’inália regrava somente Vinicius de Moraes a direção e produção musical teve a participação do genial baixista Arthur Maia, falecido no fim do ano passado, antes de o disco ser lançado.

“Arthur fez parte da minha música. Parceiro em algumas canções. Meu adorável amigo e irmão. Não sei nem como pensar em fazer um próximo CD”, diz. “Será muito difícil alguém com quem possa me identificar como ele”.

Em junho, Mart’nália leva o show do novo disco à Europa. E depois, aos Estados Unidos.

Brasil ladeira abaixo

A cantora fala de “problemas” em relação ao momento, de achatamento da expressão artística e seu desprestígio em todas as estâncias de governo: “Arte é cultura. Cultura é educação. Um povo sem educação é terrível. Estou chocada com esta piora e a regressão em nosso País”.

Ela vê necessidade de se ressaltar a importância do ensino. “No início do ano, aqui no Rio de Janeiro, a prefeitura estava com 20 mil crianças sem escolas”, preocupa-se.

Bolsonaro e Weintraub:a educação sob ataque (Foto: ABr)

“Com a educação podemos participar e lutar contra o que nos atormenta”, afirma, acrescentando estar “muito triste” com tudo que acontece.

E destaca o papel do artista na luta para “fazer o povo entender o que realmente importa, além da comida que ele põe na mesa todos os dias”.

 

Mart’nália ganhou projeção no começo dos anos 2000, quando o samba estava no ciclo de alta, com rodas de sambas surgindo, e uma presença muito grande do gênero na mídia. Mas ela discorda que o estilo tenha perdido espaço nos últimos tempos.

“Muita gente que não gravava samba passou a gravar. Ele espalhou bem, então deixou de ser aquela moda e virou normalidade”.

Para a cantora, o samba estabilizou-se na música brasileira, com uma melhora de qualidade de produção. “Antigamente quando você ia ouvir samba ao vivo era muito ruim o som, a luz, os lugares. Não havia esse cuidado como hoje”.

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