Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

Augusto Diniz | Música brasileira

Maria Rita: ‘600 mil vidas perdidas. Quem não fica abalado devia procurar ajuda’

Em 12 de novembro, a cantora volta ao subir ao palco em São Paulo, sua terra natal, com repertório de muito samba

Foto: Daryan Dornelles
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Maria Rita chegou a fazer um show com plateia no Tom Brasil no final do ano passado, quando ocorreu um breve período da pandemia com reaberturas e muitas restrições. Mas agora a cantora retorna ao mesmo palco, em São Paulo, no próximo dia 12 de novembro, com bem menos limitações, em uma apresentação que deve durar mais de 2 horas.

“Será tipo catarse”, brinca. Maria Rita é conhecida pelo gosto de subir ao palco e fazer shows. No repertório da apresentação na capital paulista, na volta à sua terra natal (a cantora mora no Rio de Janeiro hoje), ela promete um grande encontro do público com o samba, a partir do trabalho que já vinha fazendo antes da pandemia.

“O que não mudou foi a celebração ao samba, nossa identidade nacional, essa paixão que o brasileiro tem pelo samba. Que tem um fundamento histórico, uma base cultural. Sou fascinada pela cultura do samba”, conta.

Maria Rita, nesse show do dia 12, será acompanhada por Leandro Pereira (violão 7 cordas), Fred Camacho (banjo e cavaquinho), Vinícius Feijão (pandeiro), Jorge Quininho (percussão) e Adilson Didão ( percussão).

Maria Rita já grava composições de Fred Camacho desde o seu trabalho divisor de águas para o gênero, o premiado Samba Meu (2007). Jorge Quininho é irmão do Pretinho da Serrinha, um dos grandes sambistas da atualidade e com quem a cantora já dividiu o palco.

“Da nossa geração, é um dos arquitetos do samba nacional. Pretinho, além de musical, é generoso. Ele tem essa grandeza que reflete no talento dele”.

No show, além de clássicos do samba, Maria Rita canta músicas que marcaram sua carreira, como Cara Valente (Marcelo Camelo) e Tá Perdoado (Arlindo Cruz e Franco).

“O samba me desafia na minha ancestralidade, na musicalidade. A qualidade do samba melódica é um patamar que me sinto desafiada”.

Pandemia

A cantora Maria Rita estava ansiosa para voltar ao show presencial. “É difícil ficar longe, eu que sou rata de palco”, diz.

Afirma que no início da pandemia esteve muito preocupada com a sua equipe, tanto o pessoal direto quanto o indireto: “Até entender que aquilo que estava acontecendo não era minha culpa, não foi uma decisão errada na minha carreira”.

O aprendizado da pandemia foi de viver um dia de cada vez. “Pela natureza do trabalho, a gente tá sempre olhando lá na frente: próximo projeto, próximo lançamento. É tudo ‘o próximo’. E foi tudo cancelado. Agora é o hoje. Comecei a reavaliar meu dia a dia”, conta.

Sobre a crise sanitária, é incisiva: “Mais de 600 mil vidas perdidas. Não tem como não ficar abalada. Quem não fica abalado com isso, devia procurar ajuda”.

Maria Rita completa 20 anos de carreira no ano que vem. Para o pós-pandemia, cita o samba como agente do reencontro das pessoas. “O samba especificamente é uma ferramenta completa, que engloba a alegria de viver. É o espelho de nossa sociedade, é um povo sofrido que não deixa de ter alegria”.

Assista à íntegra da entrevista:

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