Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

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Mao dos Garotos Podres: ‘Sem luta, mergulharemos numa ditadura sanguinária’

Banda faz 40 anos e o vocalista diz que nas comemorações pretende reviver o período em que lutava contra o autoritarismo

Foto: Laura Ciampone / Divulgação
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A banda de punk-rock Garotos Podres, que começou em 1982 no ABC Paulista, teve músicas censuradas e foi voz ativa contra a opressão, completa 40 anos em 2022 e quer reviver a luta da época do fim da ditadura.

“Nascemos imersos nesse crescimento do movimento social contra o autoritarismo que marcou a década de 1980”, conta Mao, líder do grupo. “Hoje, estamos vivendo um regime de personalidades políticas saídas muitas delas da caserna, que tentam rememorar o período da ditadura.”

Além de músico, Mao é professor universitário de História e conhece bem o passado e o que representa na atualidade. “Se nós não lutarmos muito no próximo ano, vamos mergulhar numa ditadura sanguinária”, diz. “Nós temos hoje um governo de clara inspiração fascista, que emprega o discurso de ódio para manter-se no poder”.

Desde o surgimento dos Garotos Podres, a banda teve conotação política. Segundo Mao, ao completar quatro décadas, o momento inspira contribuir contra o fascismo. “Pretendemos fazer vários shows comemorando esses 40 anos”. Músicas novas com enfoque na resistência não faltarão no repertório.

Em 2012, a banda rachou por incompatibilidade ideológica. Os cinco anos de disputa pelo nome do grupo fez Mao manter uma versão da banda com outro nome, O Satânico Dr. Mao e os Espiões Secretos. Lançaram até um disco: Contra os Coxinhas Renegados Inimigos do Povo. Depois da pendência resolvida, Mao passou a utilizar novamente o nome Garotos Podres.

Mao acredita que o fato de grande parte dos músicos do rock nacional da década de 1980 pertencer à pequena burguesia, agora, mais velhos, passou a ter posturas mais conservadoras: “Deixou de ser incendiário para virar Corpo de Bombeiros”.

Assista à íntegra a entrevista:

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