Cultura

Lucas Santtana faz chamamento à luta em clipe documental

‘Ninguém Solta a Mão de Ninguém’ integra o oitavo álbum do músico baiano

Lucas Santtana faz chamamento à luta em clipe documental
Lucas Santtana faz chamamento à luta em clipe documental
Lucas Santtana (Foto: José de Holanda/Divulgação)
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Objetivo. No ponto. Assim é o novo clipe do baiano Lucas Santanna, Ninguém Solta a Mão de Ninguém, em ritmo de documentário e um alerta à democracia. “É uma música que coloca todos os pingos nos is em relação a esta quase ficção que estamos vivendo, onde a mentira se torna realidade todos os dias. O clipe é documental propositalmente para nos trazer a presença do real, das lutas quem não são apenas de agora, e também para servir como mais um chamamento”, diz Lucas Santtana.

O trabalho é coletivo e capitaneado por Joana do Prado, João Wainer, Ju Borgez e Juliana Curi. “As ideias vieram deles”, diz Lucas.

A gravação da música conta com Jaloo, Juçara Marçal e Linn da Quebrada e integra seu oitavo álbum solo. “Convidei porque entendi durante a gravação que o refrão teria que ser cantado em grupo. E admiro muito o trabalho deles.”

A atriz Aysha Nascimento faz participação especial no videoclipe representando Juçara Marçal.

A letra de Lucas Santtana em Ninguém Solta a Mão de Ninguém acena para um movimento de resistência em meio às arbitrariedades que se viu ao longo do ano:

“Quando a fera fere e mata alguém

Só porque difere de gênero, tem

Algo enrustido, algo enrustido

Quando descrimina a pele de alguém

E não preza a mina de onde cê vem

Faz um ebó pra ele, um ebó pra ele

Ninguém solta a mão de ninguém

Olho no olho, gente por gente

Cuidar de cada um dentro de nós

Quando acelera, atropela alguém

Envenena o ar e expõe seu desdém

Pega a bicicleta, pega a bicicleta

Se derruba a mata e atira em alguém

Que cuida da floresta como mais ninguém

Faz um rapé pra ele, um rapé pra ele

Ninguém solta a mão de ninguém

Olho no olho, gente por gente

Cuidar de cada um dentro de nós

Se criminaliza o direito de alguém

De ter moradia e uma terra também

Movimenta ele, movimenta ele

Esse alguém sem nome sou eu e você

Se juntar não some, faz aparecer

Nome e sobrenome, nome e sobrenome”

Sobre o oitavo álbum

O novo trabalho do cantor e compositor Lucas Santtana se chama O Céu é Velho Há Muito Tempo. “Esse álbum nasceu após as últimas eleições e o que vem se desenhando após ela. Tem uma primeira parte bem política, uma segunda parte de canções que saem da vida pública para a esfera privada, dos afetos, dos amores, dos amigos e por fim uma parte mais amorosa mesmo.”

Ele afirma que a política no álbum tem a ver com as decisões e escolhas que levam aos caminhos escolhidos. “Maneiras de ver o mundo, de lidar com as questões que ele traz. Então é um álbum político nesse sentido. Dá política que começa em nós mesmos.”

Em comparação aos outros trabalhos, ele considera uma virada de página. “Este é o meu primeiro álbum onde as palavras estão em primeiro plano. Nos outros as letras dividiam o mesmo espaço que o som.”

A carreira do músico é marcada pela ousadia em mesclar sons e expressões. E esse último registro não foi diferente, apesar do tom forte no vocabulário.

“Para mim, o exercício sempre foi escutar o mundo, as pessoas e me escutar dentro disso. Digo, estar centrado e honesto em relação ao que estou vivendo e sentindo. Meus discos são 100% sinceros e me orgulho disso.”

Esse processo de criação é um desafio, pois o modismo “sopra os ventos o tempo todo, cada hora de um lugar. Mas a grande onda do futuro sempre está por vir”.

Lucas Santtana é um exemplo de trabalho contra a maré mercadológica, mas de forma propositiva, atual e bem executada.

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