Longe da ortodoxia

Chamada de túmulo do gênero, SP também é o berço dos jovens militantes do samba do Quinteto em Branco e Preto

Capa de Quinteto, novo disco do grupo

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por Tarik de Souza

Quinteto


Quinteto em Branco e Preto


Radar Records

Chamada de túmulo do gênero, com a roqueira Rita Lee identificada como sua “mais completa tradução”, São Paulo também é o berço dos jovens militantes do samba do Quinteto em Branco e Preto. Formado, como anuncia o nome, por integrantes brancos (os irmãos Ivison Bezerra, Everson e Vitor Pessoa, de São Mateus, na zona leste) e pretos (os também irmãos Magnu Sousá e Maurílio de Oliveira, de Santo Amaro, zona sul), o grupo estreou em 2000, no disco Riqueza do Brasil, aclamado como revelação do samba paulista por ases como a cantora Beth Carvalho.

Eles chegam ao quarto CD, Quinteto, sem se trancar na ortodoxia. Há sambas de exaltação às origens, como Guardião dos Nossos Ancestrais e Resistir, uma celebração com Dona Ivone Lara em A Festa, e um fervoroso Encontro da Velha Guarda, que reúne veteranos da Camisa Verde e Branco, Vai-Vai, Nenê da Vila Matilde e Unidos do Peruche.

O tempero afro adensa Mão Negra, Vocabulário do Brasil e Entre Búzios e Santos, esta parceria de Magnu e Maurílio com Nei Lopes, outro ativista carioca entusiasta do grupo. Além de abrir espaço a autores do núcleo dos conterrâneos do Samba da Vela, como Paquera (O Samba ainda Floresce), Chapinha e Nino Miau (Maria não Volta Mais) e piscar para o samba romântico (Feito Siameses, Beija flor), o Quinteto abre outras comportas. No manifesto Samba Pop, de Everson e Vitor, suingado pelos sopros da Banda Mantiqueira, o grupo aproxima o gênero dos signos da moda. E em Fui Bandido, na mão inversa, dialoga com a temática periférica do hip-hop, representada por Edi Rock, do icônico Racionais MC’s. Até porque, nas regras do hipermercado musical, o samba foi de novo confinado ao gueto.

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