A primeira cena descrita em O Túnel se passa no consultório de um neurologista. Ali, o protagonista, Tzivi Luria, e sua mulher, terão a confirmação da presença de uma pequena atrofia no lobo frontal do paciente, engenheiro rodoviário aposentado que, ao longo da vida, fez estradas e abriu túneis para a companhia estatal Caminhos de Israel.
À parte a certeza da degeneração, ainda sutil, tudo o mais, na consulta, é nebuloso – tanto para eles, personagens, quanto para nós, leitores. Uma única advertência é feita pelo médico: “É proibido fugir da vida”. O Túnel, recém-lançado no Brasil, é um livro sobre a vida que, ante a velhice e a demência, escapa por entre os dedos. E acabou por ser a obra derradeira de A.B. Yehoshua, morto aos 85 anos, no dia 14 de junho, em Tel Aviv.
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