Cultura

Kiko Dinucci e o MetaL MetaL

Ao lado de Juçara Marçal e Thiago França, o músico guarulhense propõe novas formas de experimentação para a música afrobrasileira

Kiko Dinucci, Juçara Marçal e Thiago França, os idealizadores de MetaL MetaL
Apoie Siga-nos no

Acompanhar a rotina de shows de Kiko Dinucci não é das tarefas mais fáceis. Ao lado de seus habituais parceiros – os músicos Juçara Marçal, Thiago França, Rodrigo Campos, Romulo Fróes e Marcelo Cabral -, em um único final de semana é possível encontrar o compositor, cantor e violonista guarulhense prestando homenagem a Geraldo Filme, Itamar Assumpção ou a Plínio Marcos, além das apresentações de seus próprios projetos, que não são poucos e ainda ganham formatos diferentes conforme palco e circunstância.

Com Rodrigo, Romulo e Marcelo, Kiko forma o Passo Torto, um quarteto de cordas que se dedica a experimentar novas possibilidades para o samba. Com Juçara e Thiago, lançou no ano passado o Metá Metá, disco que invoca os deuses do candomblé e explora a musicalidade africana. Considerado um dos melhores álbuns de 2011, a experiência com o Metá Metá deu tão certo que os três decidiram levar o projeto adiante. Na última quarta-feira 7, depois de pouco mais de um ano do lançamento do primeiro disco, foi disponibilizado para download gratuito o MetaL MetaL, que traz a força dos orixás elevada a uma extrema potência.

A palavra metá vem do dialeto iorubá e significa “três”. Como durante as apresentações os arranjos das músicas ficavam mais pesados, surgiu a brincadeira de chamar o trio de MetaL MetaL. “Gravar o disco foi um processo muito natural, ele é resultado das transformações que o Metá Metá passava no palco. A gente já tocava todas as músicas durante os shows”, conta Dinucci, que para este trabalho assumiu a guitarra. Conhecido na atual cena por seu jeito único e inovador de tocar violão (que, segundo ele, é fruto de sua falta de técnica), Kiko quer agora investir no novo instrumento. “Eu já tinha uma formação de guitarra, mas tinha abandonado há um tempo e agora estou voltando. Quero fazer com a guitarra o que eu fiz com o violão, tentar desenvolver uma assinatura”, afirma. Marcelo Cabral no baixo, Samba Sam na percussão e Sergio Machado na bateria completam a banda.

Algumas das nove faixas de MetaL MetaL já faziam parte de outros trabalhos de Kiko. São Jorge foi originalmente gravada no disco Padê, de 2009, assinado pelo músico e por Juçara. Rainha das Cabeças é do álbum Pastiche Nagô, lançado em 2008, e foi composta por Dinucci e por Douglas Germano, com quem tem em parceria o álbum Retrato do Artista quando pede, também de 2008, resultado do projeto intitulado Duo Moviola. “Como eu, a Juçara e o Thiago tocávamos essas músicas nos shows, elas foram mudando com a gente, ganhando um formato diferente, ficando mais pesadas. Por isso a gente decidiu incluí-las no MetaL MetaL”, resume. No repertório também há uma versão para Tristeza Não, de Alice Ruiz e  Itamar Assumpção, um dos grandes ídolos de Kiko.

História

Kiko e Juçara sempre estiveram ligados à cultura popular e interessados pelas religiões afrobrasileiras. Eles se conheceram por meio de um amigo em comum, Ney Mesquita, muito ligado ao grupo A Barca, do qual a cantora fazia parte. “Em 2008 a Juçara me chamou para acompanhá-la no violão em um show que ela queria fazer. E aí cada um ia criando alguma coisa nova para as músicas, íamos experimentando coisas. Na hora de gravar o Padê ela me disse para dividirmos a assinatura”, explica. Mais tarde, queriam fazer um show do álbum, mas estavam sem banda. Decidiram chamar o Thiago França para tocar sax e fazer uma versão acústica do trabalho. “Mas logo a gente viu que tinha uma coisa a mais ali e então decidimos fazer o Metá Metá”, complementa.

A relação de Kiko com a cultura africana surgiu da curiosidade do compositor com os sambas de terreiro. “Não era uma pesquisa musical, era só uma curiosidade minha mesmo em relação à religião, à cultura popular. Foi uma coisa natural, tanto que hoje eu frequento os cultos”, conta. O músico é Filho de Orixá, de uma casa que cultua divindades iorubá.

Inspirado por essa vivência, Kiko dirigiu o documentário Dança das Cabaças – Exu no Brasil, que investiga a divindade africana no imaginário popular brasileiro. Segundo ele, de alguma maneira, todos os seus trabalhos acabam tendo essa influência da África. “Se você for ver, os discos são alternados. O Pastiche Nagô é mais macumba, enquanto o Duo Moviola tem um violão mais clássico de samba, assim como o Passo Torto. Mas no meu jeito de tocar violão, sempre acaba tendo alguma coisa da cultura africana ali”, ressalta.

Além de ter se aventurado pelo audiovisual, o músico também faz gravuras em madeira, sendo dele a imagem que estampa a capa de MetaL MetaL. Em 2013 ele deve se dedicar à gravação do segundo disco do Passo Torto, além de um álbum solo, Cortes Curtos, composto por vinhetas.

Para Kiko, é difícil situar “seu grupo” dentro da atual cena da música brasileira. “Os trabalhos dos músicos da nossa geração são muito diferentes, não dá para dizer que existe um movimento. Então eu, o Rodrigo, a Juçara, o Thiago, o Romulo acabamos sem querer criando esse grupo. São pessoas muito criativas, que estão sempre compondo e que se entendem. Não é banda contratada, se eu chamo o Rodrigo para tocar cavaquinho em uma música, é porque eu conheço e gosto do trabalho dele. Pode ser que a gente faça um show de um jeito e ele nunca mais se repita”, finaliza.

Acompanhar a rotina de shows de Kiko Dinucci não é das tarefas mais fáceis. Ao lado de seus habituais parceiros – os músicos Juçara Marçal, Thiago França, Rodrigo Campos, Romulo Fróes e Marcelo Cabral -, em um único final de semana é possível encontrar o compositor, cantor e violonista guarulhense prestando homenagem a Geraldo Filme, Itamar Assumpção ou a Plínio Marcos, além das apresentações de seus próprios projetos, que não são poucos e ainda ganham formatos diferentes conforme palco e circunstância.

Com Rodrigo, Romulo e Marcelo, Kiko forma o Passo Torto, um quarteto de cordas que se dedica a experimentar novas possibilidades para o samba. Com Juçara e Thiago, lançou no ano passado o Metá Metá, disco que invoca os deuses do candomblé e explora a musicalidade africana. Considerado um dos melhores álbuns de 2011, a experiência com o Metá Metá deu tão certo que os três decidiram levar o projeto adiante. Na última quarta-feira 7, depois de pouco mais de um ano do lançamento do primeiro disco, foi disponibilizado para download gratuito o MetaL MetaL, que traz a força dos orixás elevada a uma extrema potência.

A palavra metá vem do dialeto iorubá e significa “três”. Como durante as apresentações os arranjos das músicas ficavam mais pesados, surgiu a brincadeira de chamar o trio de MetaL MetaL. “Gravar o disco foi um processo muito natural, ele é resultado das transformações que o Metá Metá passava no palco. A gente já tocava todas as músicas durante os shows”, conta Dinucci, que para este trabalho assumiu a guitarra. Conhecido na atual cena por seu jeito único e inovador de tocar violão (que, segundo ele, é fruto de sua falta de técnica), Kiko quer agora investir no novo instrumento. “Eu já tinha uma formação de guitarra, mas tinha abandonado há um tempo e agora estou voltando. Quero fazer com a guitarra o que eu fiz com o violão, tentar desenvolver uma assinatura”, afirma. Marcelo Cabral no baixo, Samba Sam na percussão e Sergio Machado na bateria completam a banda.

Algumas das nove faixas de MetaL MetaL já faziam parte de outros trabalhos de Kiko. São Jorge foi originalmente gravada no disco Padê, de 2009, assinado pelo músico e por Juçara. Rainha das Cabeças é do álbum Pastiche Nagô, lançado em 2008, e foi composta por Dinucci e por Douglas Germano, com quem tem em parceria o álbum Retrato do Artista quando pede, também de 2008, resultado do projeto intitulado Duo Moviola. “Como eu, a Juçara e o Thiago tocávamos essas músicas nos shows, elas foram mudando com a gente, ganhando um formato diferente, ficando mais pesadas. Por isso a gente decidiu incluí-las no MetaL MetaL”, resume. No repertório também há uma versão para Tristeza Não, de Alice Ruiz e  Itamar Assumpção, um dos grandes ídolos de Kiko.

História

Kiko e Juçara sempre estiveram ligados à cultura popular e interessados pelas religiões afrobrasileiras. Eles se conheceram por meio de um amigo em comum, Ney Mesquita, muito ligado ao grupo A Barca, do qual a cantora fazia parte. “Em 2008 a Juçara me chamou para acompanhá-la no violão em um show que ela queria fazer. E aí cada um ia criando alguma coisa nova para as músicas, íamos experimentando coisas. Na hora de gravar o Padê ela me disse para dividirmos a assinatura”, explica. Mais tarde, queriam fazer um show do álbum, mas estavam sem banda. Decidiram chamar o Thiago França para tocar sax e fazer uma versão acústica do trabalho. “Mas logo a gente viu que tinha uma coisa a mais ali e então decidimos fazer o Metá Metá”, complementa.

A relação de Kiko com a cultura africana surgiu da curiosidade do compositor com os sambas de terreiro. “Não era uma pesquisa musical, era só uma curiosidade minha mesmo em relação à religião, à cultura popular. Foi uma coisa natural, tanto que hoje eu frequento os cultos”, conta. O músico é Filho de Orixá, de uma casa que cultua divindades iorubá.

Inspirado por essa vivência, Kiko dirigiu o documentário Dança das Cabaças – Exu no Brasil, que investiga a divindade africana no imaginário popular brasileiro. Segundo ele, de alguma maneira, todos os seus trabalhos acabam tendo essa influência da África. “Se você for ver, os discos são alternados. O Pastiche Nagô é mais macumba, enquanto o Duo Moviola tem um violão mais clássico de samba, assim como o Passo Torto. Mas no meu jeito de tocar violão, sempre acaba tendo alguma coisa da cultura africana ali”, ressalta.

Além de ter se aventurado pelo audiovisual, o músico também faz gravuras em madeira, sendo dele a imagem que estampa a capa de MetaL MetaL. Em 2013 ele deve se dedicar à gravação do segundo disco do Passo Torto, além de um álbum solo, Cortes Curtos, composto por vinhetas.

Para Kiko, é difícil situar “seu grupo” dentro da atual cena da música brasileira. “Os trabalhos dos músicos da nossa geração são muito diferentes, não dá para dizer que existe um movimento. Então eu, o Rodrigo, a Juçara, o Thiago, o Romulo acabamos sem querer criando esse grupo. São pessoas muito criativas, que estão sempre compondo e que se entendem. Não é banda contratada, se eu chamo o Rodrigo para tocar cavaquinho em uma música, é porque eu conheço e gosto do trabalho dele. Pode ser que a gente faça um show de um jeito e ele nunca mais se repita”, finaliza.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo