Juca Ferreira: “Cultura deverá ter destaque no programa dos candidatos

Numa conjuntura difícil, ex-ministro avalia o clima das próximas eleições municipais

O sociólogo Juca Ferreira. Foto: Rodrigo Clemente/PBH

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O sociólogo e ex-ministro da Cultura Juca Ferreira aponta a necessidade de se “executar bem” a Lei Aldir Blanc, que repassou recursos aos estados e municípios, para aplicar em caráter emergencial ao sofrido setor cultural em meio à pandemia. O projeto foi gestado no Congresso.

“Ao contrário do executivo, nosso parlamento sinalizou a importância da arte e da cultura para o país”, diz. Mas a preocupação com o futuro segue e as eleições municipais programadas para 15 de novembro devem colocar vários temas em evidência.

“A arte e a cultura deverão fazer parte com destaque dos programas e narrativas políticas dos candidatos do campo democrático. Os governos estaduais e municipais não podem ficar dependendo do governo federal”.

Em função do momento político-econômico difícil, o pleito deve tomar novos contornos. Soma-se a isso aos impactos da pandemia do novo coronavírus.

“As próximas eleições municipais se darão em um clima e um ambiente de incertezas e de disputa sobre o futuro do país. 2022 começa agora. Certamente será o pleito municipal mais entrelaçado com as questões nacionais, onde os projetos nacionais e as narrativas políticas terão um peso enorme”, explica. Juca Ferreira vê um “quadro desolador” na cultura.


“A hostilidade com todos que fazem cultura e arte no Brasil é uma constante. Estão, no momento, tentando restabelecer a censura, perseguindo artistas e criadores. Estão sufocando toda a estrutura pública e os programas e políticas que dão suporte e apoio às artes e a cultura em geral”.

Nesse ambiente, o ex-ministro crê que “o ataque à democracia será subtexto da disputa e também o legado das conquistas estará todo tempo sendo recorrente”.

Para ele, “Bolsonaro e sua entourage declararam guerra à arte e à cultura, e essa hostilidade é um aspecto central desse governo e dos que os apoiam abertamente”.

Ele conta que pretendeu ser o candidato à prefeito da capital baiana pelo PT, na linha do enfrentamento político e a defesa do legado do partido, mas a sigla optou por outra candidatura.

“Eu tentei ser o candidato do PT em Salvador dentro dessa perspectiva. Apresentar um projeto para a cidade da Bahia que supere os limites da gestão voltada somente para os interesses dos empresários e representar politicamente o projeto democrático e de centro-esquerda. A nossa despolitização pode ser fatal”, analisa.

“Estão pouco se importando com a vida das pessoas, com a cultura, com todo esse processo de perda de grandeza cultural e política do país”.

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