Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

Jorge dü Peixe grava Luiz Gonzaga e diz que ‘arte é instrumento político’

Vocalista do Nação Zumbi lança trabalho solo sobre Gonzagão e afirma que o Brasil precisa mais do que nunca a música do Rei do Baião

Foto: José de Holanda

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Jorge dü Peixe lembra que no Nordeste “a gente nasce ouvindo, cresce escutando e vive lembrando Luiz Gonzaga”. O Rei do Baião está em muitos lugares, principalmente nas festas. “Gonzagão não é só na memória afetiva de quem é nordestino não, mas de quem é brasileiro”, afirma.

O vocalista do emblemático grupo do movimento Manguebeat Nação Zumbi diz que o projeto de interpretar Luiz Gonzaga nasceu em 2017, durante as gravações de um programa musical. O produtor do programa Fábio Pinczowski se interessou em fazer um disco com Jorge dü Peixe.

O pernambucano já havia interpretado Jorge Ben Jor num trabalho com a banda Los Sebosos Postizos. E tem outro com Bob Marley ainda não lançado. Daí mandou para Pinczowski uma playlist de Luiz Gonzaga. Desse conjunto de músicas saiu o disco.

 

 


Em 2020 eles passaram acertando o repertório para colocar voz no ano seguinte. Agora o álbum com o nome de Baião Granfino (selo Babel) foi lançado com a produção de Fábio Pinczowski. O disco solo de Jorge dü Peixe mescla músicas pouco conhecidas de Gonzagão e outras mais populares. “A ideia foi mergulhar mesmo na obra dele e chegar mais perto (cantando) do que ele imprimiu”, conta.

“Luiz Gonzaga está em qualquer artista do Nordeste. Nação Zumbi chegou a fazer uma versão do O Fole Roncou”, lembra. “Baião é matriz da música brasileira”.

O disco de 11 faixas abre com Assum Preto (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira), de acordo com o músico, “não à toa, neste momento de obscurantismo”. A composição densa trata do pássaro que “furaram os olhos” por ignorância ou maldade – na gíria, fura-olho tem sentido de traição.

O cantor regravou O Fole Roncou (Luiz Gonzaga e Nelson Valença), com a participação da cantora Cátia de França. O disco tem ainda Jorge dü Peixe interpretando Qui nem Jiló (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira), Sabiá (Luiz Gonzaga e Zé Dantas), a faixa-título Baião Granfino (Luiz Gonzaga e Marcos Valentim), Pagode Russo (Luiz Gonzaga e João Silva), entre outras.

Durante a pandemia, dü Peixe disse que o isolamento forçado fez muita gente se conhecer: “Se olhando mais no espelho do que se olhava antes. Sabendo o que significa sua casa, que não é só ambiente de passagem. Quem não aprendeu nesta pandemia não aprende mais”.

O músico afirma ainda que “a cultura foi a primeira estância afetada, não só pela pandemia mas pelo desgoverno neste momento obscuro”. Segundo ele, “a arte é um instrumento político sim. Vim trazer Luiz Gonzaga porque o Brasil precisa mais de Brasil do que nunca”.

Assista à íntegra da entrevista:

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