Cultura

Iza: Hipocrisia viver o que vivi e não falar de racismo e empoderamento

Artista foi reconhecida pela Time como uma das líderes da próxima geração; em 2020, entrou na lista dos 100 negros mais influentes do mundo

A cantora Iza. Foto: Rodolfo Maganhães/Divulgação
Apoie Siga-nos no

A cantora e compositora Iza lançou dias atrás o single Gueto, cheio de referências à sua origem. Nascida em Olaria, Zona Norte do Rio de Janeiro, conheceu a fundo as mazelas do subúrbio.

“Gueto foi feita para mostrar o orgulho que eu tenho de tudo o que eu conquistei e de onde eu vim”, diz. “Quero inspirar as pessoas a terem orgulho de onde vieram também”.

A música [assinada por ela, Pablo Bispo, Ruxell e Sergio Santos – esses três últimos do grupo Dogz] é a primeira faixa lançada de seu segundo álbum, previsto para sair neste segundo semestre pela Warner Music. Em seu primeiro disco, Dona de Mim (2018), Iza já mostrava sua poderosa voz e uma música engajada – também lançou vários singles entre um trabalho e outro defendendo causas.

“Não sei definir um estilo musical que terá no segundo álbum, porque tem muita coisa diferente. Assim como Dona de Mim, será uma mistura de ritmos. Gueto foi só a pontinha do iceberg. Quero mostrar mais a minha história”, afirma.

Luta

Ano passado, Iza foi anunciada como uma das 100 personalidades negras mais influentes do mundo por uma sociedade civil global voltada a homenagear pessoas que se posicionam contra o racismo e lutam pelos direitos dos negros. A lista é anunciada na Assembleia Geral das Nações Unidas e o prêmio tem o apoio da ONU.

No final de maio, a cantora de 30 anos teve outro reconhecimento internacional. A revista Time a colocou numa lista de dez líderes mais influentes da nova geração no mundo. A publicação destacou que ela “usa o microfone como arma contra a discriminação”. Iza vê o reconhecimento internacional como força para seguir na luta.

“Tem sido especial demais saber que algumas pessoas me têm como representante, porque eu senti muita falta de me sentir representada quando era mais nova. Quando as pessoas me procuram para falar que se inspiram em mim, é um combustível muito forte e potente que me estimula a seguir meu caminho”, afirma.

“Eu falo de temas como racismo ou empoderamento feminino porque é o que eu vivi, não posso fugir disso. Seria muita hipocrisia da minha parte viver tudo o que eu vivi e não falar sobre isso, não apontar as coisas que são importantes, não usar o meu espaço privilegiado para discutir esses temas”.

Ela destaca que seu microfone é para ser usado com sabedoria: “Não é só para realizar meus sonhos, para pagar as minhas contas, mas para combater o que está errado”.

Durante o período de isolamento, Iza diz ter enfrentado suas inseguranças e ansiedades, e passou a repensar sua vida. “Mas, ao mesmo tempo, não podemos romantizar a quarentena. Não é todo mundo que tem a oportunidade de viver a quarentena em casa”, ressalta.

“Não estamos todos no mesmo barco, falamos sobre lavar as mãos, mas tem muitos brasileiros que não têm água encanada em casa, não tem dinheiro para comprar o gás. Preocupo-me porque as condições não são iguais e esta pandemia ressaltou as desigualdades”. Iza ainda vai dar o que falar. Talento tem. E consciência, acima de tudo.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.