Cultura
Gregório Gruber: a recusa ao pop
Livro mostra a arte meditativa de Gregório Gruber, que se distanciou da padronização americana e anteviu expressões contemporâneas como o grafite


Entre as 19 e 22 horas desta quinta-feira 23 no Piso Flávio de Carvalho do Centro Cultural São Paulo (rua Vergueiro, 1.000, Paraíso), o crítico Jacob Klintowitz lança Gregório Gruber – O Sonho da Cena Brasileira, em que narra o percurso incomum do pintor e escultor nascido em Santos há 64 anos. O livro editado pelo Instituto Olga Kos de Inclusão Cultural mostra que, por meio de sua expressividade incomum, o artista antecipou algumas modalidades de grafite e de fotografia cujo tema é a cidade de São Paulo.
Um dos mais importantes historiadores de arte brasileiros, Klintowitz peculiariza seu trabalho em 160 páginas. “Desenhista notável, ele transformou o virtuosismo em meditação”, diz o crítico ao situar sua arte distante daquela inclinada à comunicação nos anos 1970. Gruber não foi pop. Isto equivale a dizer que nunca aceitou os padrões gráficos amplamente adotados por aquela cultura americanizada, cujo ambíguo destino seria a comunicação publicitária. Em lugar disso, refletiu sobre o caminho da luz pelas ruas e colocou seus personagens na penumbra, solitários em espaço comum, como os do americano Edward Hopper.
A cidade em seus poros e entreatos é o que se vê neste livro com a reprodução de 120 de suas obras, entre aquarelas, óleos ou têmperas, e algumas inéditas, como os objetos e as esculturas de músicos urbanos. O artista que não era pop foi também aquele que anteviu a paisagem contemporânea.
Gregório Gruber – O Sonho da Cena Brasileira
Jacob Klintowitz
Instituto Olga Kos de Inclusão Cultural, 160 págs., R$ 100
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