Cultura
Gravura exemplar
Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro traz retrospectiva de 123 trabalhos de Rubem Grilo até 5 de maio
Rubem Grilo
Museu Nacional de Belas Artes,
Rio de Janeiro, até 5 de maio
É mera constatação a respeito do aprendizado saber que Rubem Grilo fez seus primeiros estudos com José Altino, discípulo de Gilvan Samico e apreciador da matriz bíblica e lendária deste, e cedo travou conhecimento com a obra de Oswaldo Goeldi e Marcello Grassmann. Pois todos esses saberes da gravura se conjugam, mas também se disfarçam, na criação personalista que se distingue num primeiro período pela riqueza de traços a ocupar toda a gravura, e depois se simplifica, quase mínima, ao valorizar um objeto por exemplo. Nessas duas equações reside boa parte do talento do gravador, mas não só como avaliam seus estudiosos, e poderá ser apreciado na retrospectiva de 123 trabalhos em curso no Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro até 5 de maio.
Trata-se de um alcance privilegiado da produção do artista, pois a mostra comemora a aquisição pelo museu de 500 peças de sua autoria, que estarão acessíveis à consulta do público. No passado, Grilo havia doado à instituição outras 900 peças. Sua produtividade se explica também pelo fato de ser notório ilustrador, colaborando nos anos 1970 para jornais como Opinião, Movimento e demais publicações, a exemplo do Pasquim. As xilogravuras expostas dão conta do universo mágico e fantástico dos primeiros tempos, como se verá em Marionetes, de 1974, mas igualmente de sua postura política, em Natividade, de dois anos antes. A crítica social então ocuparia aos poucos sua preocupação, como em Fast Food (1982), e chegaria à atualidade com uma retomada de referências do passado, algo líricas, representado em Tratador de Pássaros, Desencaixe e O Vidente, criadas entre 2000 e 2011.
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