Cultura

Google no divã

Freud diagnostica uma certa ansiedade no famoso buscador

Freud diagnostica uma certa ansiedade no Google
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Ando preocupado com o buscador do Google. Ele está cada dia mais ansioso. Sua obsessão desmedida em ser prestativo está o levando, a passos largos, para uma crise séria. Não financeira, é claro, mas emocional. Como cheguei neste diagnóstico? Experimentei procurar pelo próprio termo “ansiedade” nele. Mal digitei “a” e lá veio a primeira leva de sugestões: “americanas”, “avenida brasil”, “ask”, “a fazenda”. Ao colocar o “n” ao lado do “a”, o proativo buscador, como se dissesse “já sei”, mudou de direção e propôs uma nova lista: “anhanguera”, “antitube”, “antecedentes criminais” e “Ana Maria Braga”. Quase consegui escutar um risinho histérico infantil, feliz por estar indo bem no jogo de adivinhação. Ignorei as proposições e segui firme na minha vontade de saber o que há sobre ansiedade na rede. Digitei então o “s” e, enfim, ele mostrou o que eu estava procurando em uma nova lista: “ans”, “ansiosa”, “ansiedade” e “ansioso”.

Para não ter o enorme trabalho de digitar mais seis letras, cliquei na palavra ansiedade e me chegaram 11.700.000 resultados. Na verdade, 11.700.001, porque eu também fiquei ansioso com tantos links para pesquisar. Este é só um pequeno exemplo. Se a busca for mais complexa, baseada numa pergunta, o Google irá propor a questão antes mesmo que você finalize o raciocínio e estampe o ponto de interrogação. Quanto tempo duraram as …cruzadas? as guerras púnicas? as praga do Egito? Calma, calma, calma. Se ele parasse um pouco para me ler, saberia que meu interesse era pelas guerras napoleônicas.

Não acho que seja o caso de ministrar ansiolíticos. No entanto, me parece deveras importante que um bom terapeuta ajude o paciente a retornar aos momentos traumáticos que moldaram os algoritmos (instruções matemáticas) responsáveis pelo gigante das buscas se comportar de maneira tão solicita e impaciente. Para que ele readquira a capacidade de autocontrole.

Caso não seja tomada nenhuma providencia, temo que esta angústia crônica vire o trampolim para o notório buscador desenvolver, se é que já não desenvolveu, um Transtorno Histriónico, cujos sintomas são a teatralidade, sugestionabilidade, necessidade de atenção constante e manipulação emocional das pessoas ao seu redor, conforme definição que encontrei nele mesmo.

Há um outro aspecto interessante a analisar. A logomarca do buscador está em constante mutação. Os doodles são manifestações criativas e divertidas, mas indicam que ele pode sofrer também do chamado Transtorno de Múltipla Personalidade. Infelizmente, não posso me estender mais sobre este ponto aqui. O tempo deste post acabou. Agora tenho que me dedicar ao Twitter, que anda terrivelmente paranoico, com mania de perseguição.

Leia mais em Blogs do Além

Ando preocupado com o buscador do Google. Ele está cada dia mais ansioso. Sua obsessão desmedida em ser prestativo está o levando, a passos largos, para uma crise séria. Não financeira, é claro, mas emocional. Como cheguei neste diagnóstico? Experimentei procurar pelo próprio termo “ansiedade” nele. Mal digitei “a” e lá veio a primeira leva de sugestões: “americanas”, “avenida brasil”, “ask”, “a fazenda”. Ao colocar o “n” ao lado do “a”, o proativo buscador, como se dissesse “já sei”, mudou de direção e propôs uma nova lista: “anhanguera”, “antitube”, “antecedentes criminais” e “Ana Maria Braga”. Quase consegui escutar um risinho histérico infantil, feliz por estar indo bem no jogo de adivinhação. Ignorei as proposições e segui firme na minha vontade de saber o que há sobre ansiedade na rede. Digitei então o “s” e, enfim, ele mostrou o que eu estava procurando em uma nova lista: “ans”, “ansiosa”, “ansiedade” e “ansioso”.

Para não ter o enorme trabalho de digitar mais seis letras, cliquei na palavra ansiedade e me chegaram 11.700.000 resultados. Na verdade, 11.700.001, porque eu também fiquei ansioso com tantos links para pesquisar. Este é só um pequeno exemplo. Se a busca for mais complexa, baseada numa pergunta, o Google irá propor a questão antes mesmo que você finalize o raciocínio e estampe o ponto de interrogação. Quanto tempo duraram as …cruzadas? as guerras púnicas? as praga do Egito? Calma, calma, calma. Se ele parasse um pouco para me ler, saberia que meu interesse era pelas guerras napoleônicas.

Não acho que seja o caso de ministrar ansiolíticos. No entanto, me parece deveras importante que um bom terapeuta ajude o paciente a retornar aos momentos traumáticos que moldaram os algoritmos (instruções matemáticas) responsáveis pelo gigante das buscas se comportar de maneira tão solicita e impaciente. Para que ele readquira a capacidade de autocontrole.

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