Cultura

Germano Mathias ganha tributo com gravação de grandes artistas

Trabalho revisita repertório do sambista, marcado por sambas sincopados; o músico terá ainda novo documentário e álbum com 35 faixas

Foto: Divulgação
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Antes de falar do álbum-tributo, Germano Mathias, 87 anos, anuncia duas novidades. Uma é o documentário sobre sua vida, de Hernani Ramos e Maria Lucia Ramos, a ser lançado até o final do ano. O artista conta que a abertura do filme é ele, devidamente vestido de sambista das antigas, olhando para o crucifixo com o samba já tocando ao fundo, dizendo: “Qual o crioulo do morro que não acredita em Deus?”.

Outro projeto é um álbum com 35 sambas cantados por Mathias. Coordenado por Guilherme Lacerda, o trabalho vai de músicas de carnaval antigas a composições autorais. Uma delas é autobiográfica e ele relata a história.

“Arrumei uma namorada. Ela estava morando numa pensão. Tirei-a de lá. Ganhava bem. Aluguei uma quitinete e fomos morar juntos. Mas ela tinha um gênio e eu discutia muito com ela. Fui viajar para um show. Fiquei 4, 5 dias fora. Quando voltei a quitinete estava vazia. Ela levou tudo”, conta sobre o relacionamento que não durou três meses.

Desse acontecimento surgiu o samba cheio de mágoa chamado Desigualdade: “Não comento o passado / Não quero que venha me agradecer / Hoje vivo desprezado, depois que ajudei você a vencer / Não lamento sua ausência, censura, desigualdade / A falta de consciência me paga com falsidade…”

O sambista diz não ter feito música atualmente. Segundo ele, “a pandemia tirou até a inspiração”. Germano vive há 26 anos em um conjunto habitacional do CDHU na Brasilândia, no extremo da zona norte da capital paulista. “Moro onde Judas perdeu as botas”, resume.

Homenagem

Ele lembra que grava tradição, samba de raiz, de pegada. E com essa característica que foi registrado #PartiuZePelintra – Tributo a Germano Mathias.

O álbum-homenagem tem 16 músicas do repertório do sambista, com a participação de artistas de peso: Gilberto Gil, Zélia Duncan, Anastácia, Zeca Baleiro, Fafá de Belém, Leila Pinheiro, Fabiana Cozza, Irena Atienza, Ná Ozzetti, Luiz Tatit, Maucha Adnet, Mariana Bernardes, Carlinhos Vergueiro, Toninho Ferragutti, Graça Braga, Verônica Ferriani, entre outros.

A produção do trabalho é do compositor e cantor, Manu Lafer, e a direção musical de Swami Jr. O Catedrático do Samba, como é conhecido Germano Mathias, nesse álbum, gravou duas faixas (a primeira e a ultima do álbum): Malandro de Araque (Rafael Gentil, F.M. Cabral) e Malandro Não Vacila (Germano Mathias), esta com participação de Zeca Baleiro.

O projeto é muito bem executado e resgata a representação do samba sincopado, uma marca do sambista paulistano homenageado. Além disso, exalta a expressividade no canto e o toque musical-melódico típico do samba paulista.

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