Cultura

Foi um rio que passou em minha vida

Blog do Heráclito, um rio de águas paradas que você pode entrar quantas vezes quiser

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Você talvez não me conheça, mas provavelmente já me citou. Sou o autor do famoso aforisma “um homem não pode entrar no mesmo rio duas vezes”. Escrevi outros laterais a este que não obtiveram tanta notoriedade como: “um homem não pode ir no mesmo Rock in Rio duas vezes”, “Eu não rio da mesma piada duas vezes e ninguém canta Fool on the Hill duas vezes do mesmo jeito”.

A notória frase cristaliza minha crença de que nada é estático, tudo está em constante movimento e alteração. Tanto o objeto observado, quanto o observador. Essa regra vale para qualquer coisa, com exceção dos quadros do programa Praça da Alegria. Enfim, minha premissa filosófica é bem parecida com aquela famosa canção de Lulu Santos e Nelson Mota:

Tudo que se vê não é

Igual ao que a gente

Viu há um segundo

Tudo muda o tempo todo

No mundo

Não adianta mentir, nem fingir pra si…ops, desculpe, me empolguei. Isso aqui é um post e não um karaokê. Falando em música, devo dizer que a ideia da fluidez das coisas, do estado permanente de mutação de tudo foi-me sugerida por Raul Seixas  que, como todos sabem nasceu a dez mil anos atrás, através da canção Metamorfose Ambulante. Prefiro ser essa…ok, ok, prometo que não cantarei novamente.

Todo mundo gosta de adornar conversas, palestra e textos com meu famoso dito. Mas na hora de pratica-lo, esquecem o que professaram. Não são poucos os que tentam a segunda lua de mel ou que voltam a um restaurante para repetir um prato que lhes agradou. Sem contar os que, nas mais diversas oportunidades, esbravejam contra o ritmo acelerado das mudanças.

Formulei esta teoria cinco séculos antes de Cristo. Época em que dietas, cabelos, roupas, tecnologias, veículos, crenças, modas e até rios não pareciam tão perecíveis. Tempos bem diferentes dos de hoje, onde até as pedras se modificam a cada piscar de olhos.

Ao mesmo tempo que a teoria da constante mudança ficou visível a todos, o nível de desconforto em vive-la se agravou. A angústia de acompanhar as transformações é compartilhada por todos. Não conseguimos fazer todos os downloads de atualização que a vida atual nos solicita. E nem tão pouco nos auto-investigamos para ver em que estamos nos transformando.

Recomendo que você não enlouqueça com esta era de mutações aceleradas. Não se preocupe tanto em manter a coerência e aceite que a única coisa que não irá mudar é o estado geral de transformações velozes. Relaxe e aproveite a época que você vive. Dá próxima vez que for se banhar no rio, desligue o celular, concentre-se no que você está fazendo e talvez você perceba a mudança da vegetação nas margens, da coloração da água, do tamanho do leito e o crescimento de sua barriga.

Leia mais em Blogs do Além

Você talvez não me conheça, mas provavelmente já me citou. Sou o autor do famoso aforisma “um homem não pode entrar no mesmo rio duas vezes”. Escrevi outros laterais a este que não obtiveram tanta notoriedade como: “um homem não pode ir no mesmo Rock in Rio duas vezes”, “Eu não rio da mesma piada duas vezes e ninguém canta Fool on the Hill duas vezes do mesmo jeito”.

A notória frase cristaliza minha crença de que nada é estático, tudo está em constante movimento e alteração. Tanto o objeto observado, quanto o observador. Essa regra vale para qualquer coisa, com exceção dos quadros do programa Praça da Alegria. Enfim, minha premissa filosófica é bem parecida com aquela famosa canção de Lulu Santos e Nelson Mota:

Tudo que se vê não é

Igual ao que a gente

Viu há um segundo

Tudo muda o tempo todo

No mundo

Não adianta mentir, nem fingir pra si…ops, desculpe, me empolguei. Isso aqui é um post e não um karaokê. Falando em música, devo dizer que a ideia da fluidez das coisas, do estado permanente de mutação de tudo foi-me sugerida por Raul Seixas  que, como todos sabem nasceu a dez mil anos atrás, através da canção Metamorfose Ambulante. Prefiro ser essa…ok, ok, prometo que não cantarei novamente.

Todo mundo gosta de adornar conversas, palestra e textos com meu famoso dito. Mas na hora de pratica-lo, esquecem o que professaram. Não são poucos os que tentam a segunda lua de mel ou que voltam a um restaurante para repetir um prato que lhes agradou. Sem contar os que, nas mais diversas oportunidades, esbravejam contra o ritmo acelerado das mudanças.

Formulei esta teoria cinco séculos antes de Cristo. Época em que dietas, cabelos, roupas, tecnologias, veículos, crenças, modas e até rios não pareciam tão perecíveis. Tempos bem diferentes dos de hoje, onde até as pedras se modificam a cada piscar de olhos.

Ao mesmo tempo que a teoria da constante mudança ficou visível a todos, o nível de desconforto em vive-la se agravou. A angústia de acompanhar as transformações é compartilhada por todos. Não conseguimos fazer todos os downloads de atualização que a vida atual nos solicita. E nem tão pouco nos auto-investigamos para ver em que estamos nos transformando.

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