Apesar da concorrência que lhe movem as figuras da política, a criatura mais popular na Europa hoje em dia é uma múmia de verdade, certificada, com história. Acaba de ser aberta na Saatchi Gallery uma mostra que se tornou, com 1,3 milhão de visitantes, no espaço de La Villete, sua escala prévia em Paris, a recordista de público na França em todos os tempos. O tema é o faraó-menino Tutancâmon e os luxuosos itens descobertos em seu sarcófago. Esta exposição supera o 1,2 milhão de visitantes que em 1967 infestaram o Petit Palais para conhecer os tesouros de… Tutancâmon.
O presente tour da, bem, múmia, que fica em Londres até 3 de maio e ainda deverá excursionar por outras sete cidades, traz enorme significado simbólico. Celebra os cem anos da descoberta do túmulo de Tutancâmon pelo explorador britânico Howard Carter – o mais completo acervo de bens de um dignitário egípcio. E mais: cumprido este último périplo, Tut voltará para casa, isto é, para o Museu do Cairo e de novo poderá repousar em seu sono de 34 séculos. De lá não sairá mais.
Tutancâmon foi faraó por nove anos (1336 -1327 a.C.) e morreu aos 19, reinado curto em época de grande turbulência. O pai dele, o grande Akhenaton, decretou o monoteísmo como religião oficial do império, em desafio ao clero politeísta. A luta foi feroz e houve quem acreditasse que tenha sobrado para Tutancâmon. A suspeita de que ele tenha sido assassinado só seria cabalmente descartada em 2005, quando a múmia foi submetida a uma tomografia computadorizada.
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